Com a verticalização da mineração, Bahia pode ser destaque na produção de baterias

Exportador de minérios essenciais para baterias, estado teria vantagem para implantação de indústrias ligadas a novas matrizes energéticas

Redação
Foto: Atlantic Nickel/ Divulgação
Foto: Atlantic Nickel/ Divulgação

 

Questões ambientais e consequentemente, a proibição da comercialização de veículos movidos a combustíveis fósseis pela União Europeia, a partir de 2035, têm acelerado a adoção de carros elétricos em todo o planeta. Com isto, minerais que são matérias-primas para baterias, como cobre, níquel e lítio, surgem como vedetes da indústria que sucederá os motores a combustão.

Maior produtora de níquel e terceira de cobre no país, a Bahia tem condições de se tornar polo produtor de baterias se os empresários do setor “acordarem logo para o momento”, diz o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm.

“Precisamos deixar de ser exportadores de ‘pau-brasil’ e fortalecer a nossa indústria de transformação para exportar mais produtos com valor agregado. Hoje, por exemplo, somos o único produtor de Vanádio da América Latina, através da Largo Resources, mas a startup de baterias de vanádio para carros elétricos que eles anunciaram no ano passado será instalada em Boston, nos Estados Unidos”, acrescenta Tramm.

A expectativa é que nos próximos anos a demanda por essas matérias-primas cresça. Em matéria publicada pelo Jornal O Estado de S.Paulo, mineradoras ressaltam que a oferta não será suficiente para atender a demanda nos primeiros anos dessa transformação e que as empresas precisam garantir suprimento agora, com contratos de longo prazo.

A Atlantic Nickel, empresa que produz níquel em Itagibá, projeta dobrar a capacidade produtiva, com o início da operação subterrânea na Mina Santa Rita, prevista para 2028, o que vai elevar o tempo de vida útil da mina de oito para 34 anos. As pesquisas da CBPM também indicaram recentemente um novo depósito com potencial significativo de recursos de níquel a 26km da mina atual.

Utilizado para a fabricação de condutores elétricos e em liga metálicas como latão e bronze, o cobre respondeu por 18% da produção mineral baiana comercializada em 2020. O mineral é produzido pela Mineração Caraíba, no norte do estado, e é exportado para África do Sul, Canadá, China e Índia.

Segundo Eduardo De Come, diretor financeiro da Mineração Caraíba, a empresa está atuando para aumentar a produção e oferta de cobre visando abastecer a forte demanda do mercado. “O cenário otimista é fruto da evolução tecnológica impulsionada pelas novas exigências de mercado, motores elétricos e a busca por energias limpas e livres de poluentes. Já estamos vivendo a transição marcada pela busca de meios de produção com menores impactos ambientais. O cobre tem um papel fundamental nessa revolução verde que já está acontecendo”, diz De Come.

Para Tramm, a verticalização da produção mineral na Bahia fortaleceria as próprias empresas. “Hoje somos todos reféns das cotações das commodities. Se o preço no mercado cai, a empresa cai junto. Quem investir na produção final sai desse ciclo e se fortalece. Temos aqui boa mão de obra, matéria-prima, dez portos aptos para escoamento dos produtos. Não há razão para não fazer”, conclui.

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