Com cinco ministros PSDB acorrentou-se a Temer

Josias de Souza

Michel Temer elevou de três para cinco a cota de ministérios do PSDB. Como parte do upgrade, um representante do ninho foi recepcionado no centro nervoso do Poder. Numa articulação costurada por Aécio Neves e avalizada por Fernando Henrique Cardoso, acomodou-se na pasta da coordenação política, com poltrona no quarto andar do Planalto, o deputado tucano Antonio Imbassahy. Com isso, o tucanato acorrentou o seu projeto político ao governo do PMDB. Não dá mais para fazer as malas e sair de fininho na hipótese de um fiasco.

Para o PSDB, Temer dará certo se fizer reformas impopulares, recolocar a economia na direção do crescimento e vestir o pijama em 2018, abrindo mão de pleitear a reeleição. Temer disse aos tucanos que não deseja senão entrar para a história como um presidente que retirou o país do buraco. Rodrigo Maia também dizia na Câmara que arrumaria a bagunça de Eduardo Cunha e passaria a chave da presidência para outro colega. Foi convencido por Temer a guerrear pela reeleição. Por ora, os tucanos fingem acreditar na desambição de Temer.

Como se sabe, há três presidenciáveis no PSDB. José Serra é amigo e ministro das Relações Exteriores de Temer. Aécio Neves é fiador da parceria. Geraldo Alckmin está sobrando na equação. Pior: a Lava Jato estreitou a margem de manobra do governador paulista. Até bem pouco, Alckmin poderia sair do PSDB batendo a porta e denunciando a aliança do partido com os maus costumes do PMDB. Agora, é preciso saber de que tamanho ficará a reputação do governador paulista depois que vier à luz todo o conteúdo das delações da Odebrecht.

A sorte de Alckmin é que, divulgando-se tudo o que delataram os empreiteiros e os executivos que compravam políticos, haverá uma hedionda socialização na distribuição de lama. O PSDB ficará muito parecido com o PMDB, que já não deve nada ao PT em matéria de perversão.

Considerando-se que Lula, com cinco denúncias nas costas, pode ser condenado à prisão e à inelegibilidade, nenhuma situação é mais dramática do que a do eleitor brasileiro. Alega-se que há políticos piores e melhores. Argumenta-se que o pecado de alguns decorre de falhas estruturais do modelo político, não de debilidades de caráter. O diabo é que todos os gatunos vão ficando pardos à medida em que as delações da Lava Jato vão ganhando as manchetes.

No caso do PSDB, o mais irônico é que o partido é autor da ação que pode resultar na impugnação da chapa Dilma Rousseff – Michel Temer. Apura-se, entre outras coisas, o uso de dinheiro roubado da Petrobras no financiamento da chapa. Quer dizer: ao acorrentar-se a um governo que acusa de trazer o vício no DNA, o PSDB reforça na plateia a sensação de que em política nada se cria, nada se transforma. Tudo se corrompe.

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