Com Vítor Pereira em observação, Flamengo avalia mudanças no elenco e intensifica ações no mercado
Com um planejamento conturbado, que previa um início de 2023 em transformação em função da troca de técnico, o Flamengo seguirá convicto na evolução sob o comando de Vítor Pereira, e a partir dele promover os ajustes de elenco necessários para se manter na disputa de títulos.
Não há questionamentos em relação às ideias do treinador, apenas preocupação sobre como ele vai lidar com os atletas para tirar deles o melhor. Por isso, VP ficará em observação, na espera de que a evolução aconteça sem criar nenhum tipo de situação desconfortável com o elenco. A coletiva em que o técnico afirma que Arrascaeta não é um jogador que dá tanto equilíbrio ao time ligou o alerta.
Nesta quarta, o Flamengo se reapresentou para o treinamento em Rabat, onde Vítor Pereira teve conversas individuais com Arrascaeta e Gerson. O Flamengo enfrenta o Al Alhy no sábado em Tânger, após alteração no local de jogo por parte da Fifa.
Possíveis mudanças incluem sim a negociação de jogadores e chegada de outros nomes para posições consideradas carentes de alternativas de maior qualidade. E nesse cenário, uma “barca” começa a se desenhar. Nela, os primeiros candidatos são o atacante Marinho, o volante Vidal e o goleiro Hugo Souza.
Por motivos diferentes, os três não deram o retorno esperado em campo e podem buscar novos ares até o meio do ano para abrir espaço para outas chegadas. Marinho e Vidal têm contrato até dezembro, e já avaliam internamente os possíveis destinos. Marinho chegou a ter procura do Fortaleza no fim do ano passado, mas seu alto salário é empecilho para saída. Fato é que o Flamengo está no mercado atrás de pontas. E já procurou o Santos pelo atacante Ângelo. Mas o negócio não andou ainda.
Vidal, por sua vez, externou claramente a insatisfação com a reserva, mas aos 35 anos a avaliação interna é de que não tem condições de contribuir como titular para repor a saída de João Gomes. Os motivos principais são físicos. O Flamengo tentou novamente Walace, da Udinese, e não conseguiu avançar. Um volante segue como prioridade até abril.
A contratação de Pulgar depois do insucesso nas tratativas por Walace parecia ser uma solução já prevendo a saída de Gomes, mas o chileno tem um estilo de jogo diferente, e ao não ter sequência também não se firmou quando teve oportunidade. Recentemente, Pulgar foi pedido pelo Sevilla de Jorge Sampaoli, e o Flamengo ficou de avaliar posteriormente uma possível saída do meio-campo, que veio da Fiorentina, da Itália, e atua pela seleção do Chile. Hoje, o setor tem em Thiago Maia o único ponto de segurança. Gerson chegou com perfil mais construtor, não tão perseguidor.
No caso de Hugo Souza, hoje terceiro goleiro, o Flamengo tinha a intenção de negociá-lo no começo do ano, mas o atleta não aceitou as propostas que apareceram do Japão. Perdeu o lugar na fila para Matheus Cunha, que passou a atuar no Estadual, e está apenas no aguardo de um destino. Outros jogadores em fim de contrato terão a situação avaliada para que o clube possa avançar no mercado. Os nomes de Rodrigo Caio e Bruno Henrique estão guardados na gaveta da diretoria para que avaliem a recuperação plena após graves lesões. Caio já retornou aos jogos, mas BH só no meio do ano. Dentre as duas situações, a de Bruno Henrique soa como mais urgente para ser resolvida, pois há bons zagueiros como alternativa, e pontas estão escassos.
Nesse contexto, o retorno abaixo por parte de Éverton Cebolinha preocupa. O jogador foi comprado ao Benfica por quase R$ 100 milhões no ano passado, e depois de quase oito meses ainda não disse a que veio. O ponta seria uma solução para que o Flamengo aliasse intensidade e poder ofensivo e defensivo, mas Cebolinha não consegue emplacar um sequência e sustentar boa fase. O que obriga Vítor Pereira a ficar refém do quarteto ofensivo titular.
Depois da substituição de Arrascaeta no intervalo da semifinal do Mundial, voltou à tona o debate sobre em quem mexer para que o Flamengo concilie o talento com uma postura competitiva. Hoje, Éverton Ribeiro é o jogador mais velho do quarteto (fará 34 anos) e quem tem contrato a se encerrar no fim do ano. Recentemente, a diretoria valorizou Arrascaeta e o colocou quase no patamar financeiro de Gabigol.
Este ano, Pedro renovou contrato e também ganhou aumento salarial. Do quarteto, o centroavante é quem tem mais mercado no momento em função da ida para a Copa do Mundo e da boa fase interminável com muitos gols. Mexer no que está dando certo costuma ser mais difícil, mas Vítor Pereira tem perfil de não se intimidar com o nome e a grife dos atletas para fazer os ajustes necessários para o coletivo. Com a decepção no Mundial, esse caminho ficou mais fácil. E passará também pela indicação de nomes para chegarem e gerarem sombra suficiente em um plantel campeão e que joga, no fim das contas, um pouco com o nome.