Como a força dos padrinhos políticos de Petrolina impulsionou crescimento e desbancou Juazeiro

Cidades vizinhas, Petrolina e Juazeiro se destacam por, mesmo próximas, terem se desenvolvido de maneiras diferentes. Hoje, Petrolina se destaca inclusive ao receber recursos de desenvolvimento: Nos últimos dez anos, a cidade pernambucana ganhou 15 vezes mais do que os proventos enviados para a cidade baiana. O levantamento é do UOL.
As questões de maior infraestrutura tiveram influência devido aos padrinhos políticos de Petrolina, de relevância nacional e que conseguiram realizar obras em prol da cidade, diferentemente de
A partir dos anos 1960, com Nilo Coelho, filho de um influente fazendeiro da região, as questões locais receberam um grande salto com a sua eleição para governador de Pernambuco.
Na época, o mandatário prometeu “governar de costas para o mar”, e cumpriu a promessa. Seu primeiro ano de governo foi em 1967, quando conseguiu a criação da Superintendência do Vale do São Francisco (Suvale), como forma de atender a região.
Em 1974, Suvale virou Codevasf, que originou em 1979 o Distrito de Irrigação que hoje leva o nome de Nilo Coelho. Tal obra teve um giro econômico que rendeu em seus lotes uma produção de R$ 4,5 bilhões em 2024.
Moradores de Juazeiro relembram que por influência da família Coelho, Petrolina recebeu em 1968 a instalação de um porto, mesmo com o rio sendo mais raso do lado de Pernambuco, o que faz com que a propensão para atracar seja menor. A proposta, porém, durou menos de 10 anos, já que em 1974, foi criada a barragem de Sobradinho.
Graças à família Coelho, criou-se também a rodovia BR-428, cujo traçado da rota passa por perto de Petrolina. Em 1985, foi criado também o aeroporto. Tanto a estrada quanto o local para pouso levam o nome de Nilo Coelho.
Além de Nilo, a família também tem três ex-prefeitos em sua história, como Guilherme Cruz de Souza Coelho, Augusto de Souza Coelho e José de Souza Coelho.
O ex-senador Fernando Bezerra Coelho, que é sobrinho de Nilo, é o atual líder político da família. Fernando chegou a ser Ministro da Integração Nacional no governo de Dilma Rousseff (PT), sendo responsável pelo projeto da transposição do Rio São Francisco.
O filho de Fernando, Miguel Coelho, foi prefeito de Petrolina entre 2017 e 2022. Mesmo com a “rivalidade” no desenvolvimento, as duas cidades não deixam isso se sobrepor, de forma que tanto Petrolina como Juazeiro colaboram entre si, compartilhando recursos de saúde e educação, cujos habitantes das duas cidades utilizam livremente. Além disso, as atividades produtivas tem caminhado juntas.
Este modo de colaboração é evidenciado pelos indicadores sociais e econômicos, que são parecidos. O salário médio do trabalho formal é o mesmo e a população ocupada é de cerca de 20% nas duas cidades.
Instituições de ensino superior também atendem ambas as cidades, já que Juazeiro tem apenas cinco faculdades. O sistema de saúde juazeirenses tem 337 estabelecimentos médicos, enquanto Petrolina possui 820.
Mesmo com mais esmero na região, Juazeiro não possui ruas largas, grandes obras e também falta asfalto nas periferias, diferentemente de Petrolina. Porém, o território juazeirense é um polo de desenvolvimento e possui 8,3 mil hectares de área irrigada em projetos da Codevasf, como também outros empreendimentos.
Segundo o UOL, para além de possíveis rivalidades históricas, permanece e prevalece o companheirismo em versos do clássico forró de Jorge de Altinho: “Petrolina, Juazeiro / Juazeiro, Petrolina / Todas as duas eu acho uma coisa linda / Eu gosto de Juazeiro / E adoro Petrolina”.