Na noite da última quarta, o duelo entre Santos e Audax Italiano, que terminou em 2 a 1 para o time chileno, foi marcado por episódios de racismo. O zagueiro Joaquim e o atacante Ângelo, da equipe paulista, foram alvos de injúria racial por parte dos torcedores no estádio El Teniente, na cidade de Roncágua.
O Santos informou que denunciou o caso para a Conmebol, que informou que irá abrir uma investigação. No entanto, este não é um episódio isolado: só em 2023, a entidade já aplicou multas a três times diferentes por casos de discriminação direcionados a jogadores brasileiros, totalizando cerca de R$ 1.5 milhões em sanções.
Em maio de 2022, a Conmebol mudou o protocolo para casos de discriminação, que englobam “cor da pele, raça, sexo ou orientação sexual, etnia, idioma, crença ou origem”. Assim, os clubes que forem condenados devem pagar uma multa de US$ 100 mil (cerca de R$ 500 mil, na cotação atual), um aumento de mais de três vezes em relação à multa anterior, que era de US$ 30 mil (R$ 150 mil).
Em caso de reincidência, a nova regra também estabelece que a entidade pode determinar o fechamento dos portões de maneira total ou parcial para os jogos dos clubes que forem condenados, além de uma multa de US$ 400 mil (R$ 2 milhões).
Fora do panorama de times brasileiros, o atacante colombiano Hugo Rodallega, do Indepediente Santa Fe-COL, também foi vítima de ataques discriminatórios. Na terça-feira, o veterano de 37 anos, ex-Bahia, reclamou de ofensas racistas por parte de torcedores do Gimnasia-ARG, em jogo da Sul-Americana que terminou com derrota de sua equipe por 1 a 0. “Nós não melhoramos como humanidade. É um desastre o que acontece no mundo todo. Não estou dizendo que perdemos por conta das ofensas, mas o racismo cansa. Que te chamem de ‘macaco’, ‘negro’, é uma falta de respeito. Que tristeza”, lamentou o jogador ao fim da partida.
Veja quais foram os casos de racismo punidos pela Conmebol em 2023:
Carabobo 0x0 Atlético-MG (fevereiro, Venezuela)
O Carabobo, da Venezuela, foi multado em março após ataques racistas de torcedores ao elenco do Atlético-MG, em jogo disputado em fevereiro. Na ocasião, torcedores receberam a delegação do time mineiro sob gritos de “macaco”. As imagens foram captadas pela própria TV do clube, que denunciou em redes sociais — o clube também fez uma denúncia formal. O ocorrido foi em uma ponte em um dos acessos ao Estádio Olímpico UCV.
Racing-ARG 1×1 Flamengo (maio, Argentina)
Em 4 de maio, Flamengo e Racing empataram em 1 a 1 no estádio Presidente Perón, em Avellaneda, região da Grande Buenos Aires. Um torcedor rubro-negro registrou o momento em que argentinos fizeram gestos de macaco direcionados a torcida visitante, e procurou os policiais no estádio. Ele foi aconselhado a fazer um registro de ocorrência em uma delegacia local, e com o caso tomando dimensões públicas, a Conmebol abriu expediente disciplinar para investigar. Na última terça-feira, a entidade sancionou a punição.
Internacional 2×2 Nacional-URU (maio, Brasil)
No início deste mês, torcedores do Internacional foram os alvos de ofensas racistas. Na partida que terminou em 2 a 2, no Beira Rio, uruguaios fizeram imitações de macaco em direção à torcida do Colorado, em confusão que também teve arremesso de cadeiras. O clube recebeu duas multas, pelas cadeiras (US$ 10 mil) e pelos atos racistas (US$ 100 mil).