Coronavírus: Último jogo no Rio mostra porque futebol é prato cheio para contaminação

Jogo entre Madureira e Volta Redonda foi o último antes da paralisação do futebol no Rio
Jogo entre Madureira e Volta Redonda foi o último antes da paralisação do futebol no Rio Foto: Rafael Oliveira
Rafael Oliveira

No estacionamento da sede do Madureira, um membro do estafe do clube se despede do técnico Toninho Andrade com um “sabe-se lá até quando”. Este foi o tom do jogo entre o tricolor suburbano e o Volta Redonda, realizado após o anúncio de que o Estadual seria paralisado por prevenção ao novo coronavírus. O placar (2 a 1 para a equipe da casa) foi coadjuvante na partida que marcou a despedida do futebol no Rio por tempo indeterminado.

— Não sei se esse campeonato vai terminar. Daqui a 15 dias vamos nos reunir de novo. Mas a situação deve estar pior — admitiu Elias Duba, presidente do Madureira, que durante a reunião na Ferj foi contra a paralisação (defendeu a antecipação da Taça Rio), mas se deu por vencido. — Acho que a decisão acabou sendo a mais sensata. Não tem como proteger os jogadores sem parar os jogos.

A partida foi exemplar neste sentido. Basta um olhar mais atento para o que se passa em campo para concluir que o fechamento dos portões e a proibição de entrevistas à imprensa não são suficientes.

Além do contato físico em cada dividida, os jogadores se cumprimentam com as mãos ou se abraçam em diversos momentos. E secam o suor do rosto com as mãos. Para completar, há um detalhe que quase passa despercebido: não há uma garrafa d’água para cada jogador. Ela circula de boca em boca entre todos os titulares e reservas. Combate a sede, mas é um prato cheio para a disseminação do vírus.

Garrafas d'água passam de boca em boca e podem transmitir o vírus
Garrafas d’água passam de boca em boca e podem transmitir o vírus Foto: Rafael Oliveira

Sem futebol pela frente ao menos até o fim do mês, o momento agora é de fazer as contas. Afinal, ainda que seja necessária a paralisação dos jogos trouxe problemas para os clubes. Tanto os grandes quanto os pequenos.

No Madureira, os contratos dos jogadores e da comissão técnica só iriam até o mês de março, justamente quando a Taça Rio terminaria. Depois, o time não tem mais nenhuma competição. A extensão representará mais um mês de folha salarial.

— A gente ainda tinha mais uma parcela para receber — conta Duba, referindo-se a à cota de R$ 1 milhão paga pelo televisionamento dos jogos que estava prevista para ser depositada no próximo dia 5. — Sem os jogos, não sei quando ela vai cair. Mas temos que pagar os salários. Vamos ter que fazer mágica com isso.

Os atletas ganharam folga logo após o jogo. Ficarão em casa e receberão recomendações para manter a forma física. A data de retorno ainda será avaliada.

Já o Volta Redonda ainda irá bater o martelo em relação à liberação dos atletas. Mas não passa pelo mesmo drama que o Madureira.

— Nós temos a Série C pela frente. Então a maior parte do eenco já seguiria conosco. Mas claro que a situação é chata — comenta o ´presidente Flávio Horta.

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