Corpo do Major Ferreira é velado no cemitério de Santo Amaro

Velório do Major Ferreira

Velório do Major FerreiraFoto: Kleyvson Santos/Folha de Pernambuco

O corpo do ex-major da Polícia Militar de Pernambuco José Ferreira dos Anjos, conhecido na década de 1980 pelo envolvimento no chamado “escândalo da mandioca”, está sendo velado nesta terça-feira (20) no cemitério de Santo Amaro. Inicialmente o velório ficou reservado à família e às 8h, foi aberto ao público. O enterro acontecerá às 15h.

Major Ferreira, como era conhecido, foi preso em 1995 por envolvimento no assassinato do procurador Pedro Jorge Melo e Silva, que investigava um esquema de desvio de recursos do Governo Federal no Sertão do Estado, por meio de empréstimos milionários feitos por meio do Banco do Brasil. Ele morreu na segunda-feira (19), aos 75 anos, supostamente após sofrer um infarto.

Esse foi o maior esquema de corrupção descoberto em Pernambuco, repercutindo na imprensa nacional e do exterior. O procurador Pedro Jorge estava investigando o caso quando passou a receber ameaças, mas seguiu com o trabalho até ser assassinado no dia 3 de março de 1982, com seis tiros, em frente a uma padaria no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda. Major Ferreira foi condenado a 32 anos e meio de prisão, mas passou 12 anos foragido até ser encontrado no interior da Bahia e trazido para cumprir a pena na penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá. Ele foi solto após cumprir 10 anos, sete meses e 13 dias de pena, graças a um indulto presidencial, em 2003.

quadrilha da qual o então policial fazia parte chegou a desviar Cr$ 1.5 bilhão, no Banco do Brasil de Floresta, no Sertão. Em reais, a quantia equivaleria hoje a cerca de R$ 35 milhões. Eles utilizavam documentos falsos de agricultores fantasmas e terras que não existiam para solicitar recursos de um incentivo agrícola. Com isso, conseguiam créditos, sob a alegação de que o dinheiro seria destinado para o plantio de mandioca. Após conseguir os empréstimos, a quadrilha alegava prejuízos por conta da seca, ficando isentos do débito e tendo direito, ainda, ao seguro agrícola. As investigações apontaram 24 pessoas como responsáveis por mais de 300 financiamentos irregulares. Esse dinheiro era utilizado para ganhos pessoais, reformas, compras de imóveis e carros.

“Conheci Ferreira enquanto ele ainda estava no Curso de Formação de Oficiais da PMPE. Logo ficamos amigos, pois eu também dava aulas e gostávamos de armas antigas. Ele entendia muito de armamentos históricos e passávamos horas conversando sobre o assunto. Cheguei a visitá-lo enquanto esteve preso no Regimento Dias Cardoso, antes de fugir e ser recapturado. Nunca falava sobre os crimes pelos quais foi condenado e eu nunca perguntei nada. Sinto sua morte por conta da amizade que sempre tivemos um pelo outro”, contou um amigo da família.

Dores no peito
De acordo com Fátima Moura, ex-esposa do major, José Ferreira estava sentando, em casa, quando sentiu fortes dores no peito e pediu que chamassem o Samu. “Ninguém esperava. Ele estava dormindo bem nos últimos tempos, tudo tranquilo. Nem ele esperava”, contou. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Caxangá e, de acordo com o boletim liberado pela instituição, deu entrada com desconforto respiratório, dor torácica e dormência do lado direito do corpo. Ele foi encaminhado para a Sala Vermelha da unidade – para casos graves -, onde apresentou parada cardíaca durante a realização de um eletrocardiograma. A equipe médica tentou reanimação durante pelo menos 50 minutos, mas sem sucesso.

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