Correição do CNJ na Lava Jato em Curitiba descobre irregularidades na destinação de bens de investigados
Investigadores analisaram atos de juízes e a destinação de verbas bilionárias de multas. Também conseguiram informações de bens apreendidos, espalhados em museus sem controle algum
Corregedor nacional de Justiça, o ministro Luis Felipe Salomão determinou, há três meses, uma investigação na 13ª Vara Federal de Curitiba (PR). “Há irregularidades na destinação judicial dos valores e bens apreendidos de investigados e também nos acordos internacionais da Lava-Jato”, destacou uma reportagem publicada nesta sexta-feira (1) por Veja. Segundo o relatório sigiloso, que será divulgado nos próximos dias, o CNJ avaliou atos de magistrados e a destinação de verbas bilionárias de multas e acordos com investigados. Também conseguiu informações de bens apreendidos, atualmente espalhados em museus e armazéns sem controle algum. Investigadores questionaram pelo menos dez pessoas, entre servidores, juízes, desembargadores, procuradores, advogados, representantes da Transparência Brasil e da Transparência Internacional e diretores da Petrobrás.
As irregularidades da Lava Jato ganharam mais repercussão nacional a partir de 2019, quando começaram a ser divulgados na imprensa trechos de conversas entre o atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e procuradores do Ministério Público Federal (MPF-PR). Antes de se tornar parlamentar, o congressista era juiz da Operação Lava Jato em primeira instância jurídica, em Curitiba (PR).
Segundo os diálogos, Moro interferia na elaboração de denúncias, que devem ser feitas por promotores, para, em seguida, o juiz decidir se condena ou absolve a pessoa investigada. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a suspeição do ex-juiz nos processos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2022, o ex-magistrado foi derrotado no Tribunal Regional Eleitoral do estado de São Paulo (TRE-SP) por fraude em domicílio eleitoral e, por consequência, decidiu ser candidato no Paraná.
Em junho desde ano (2023), o empresário Tony Garcia denunciou algumas ilegalidades de Moro. Durante entrevista ao 247 no dia 2 daquele mês, o delator afirmou ter sido instruído na Lava Jato a dar uma entrevista à Veja e fornecer à revista informações que pudessem comprometer a carreira do ex-ministro José Dirceu (PT). O empresário afirmou que, a mando de Sergio Moro, gravou de forma ilegal o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) em 2018. Garcia afirmou que Moro transformou “Curitiba na Guantánamo brasileira”.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli está apurando as denúncias feitas pelo empresário sobre as denúncias contra o parlamentar enquanto juiz da Operação Lava Jato.