Crise fecha bares e restaurantes conhecidos
Estabelecimentos exibem cartazes com anúncio de venda, no Jardim Brasil, na Barra
Quem vai ao Jardim Brasil, na Barra, em busca de diversão nos conhecidos bares e restaurantes do local, assusta-se com o “deserto” em que se transformou o local.
Dos conhecidos estabelecimentos do gênero, apenas um restaurante e bar de comida típica mexicana continua funcionando. Casas famosas como Santo Antonio, O Árabe e Skina Bar fecharam as portas e exibem cartazes anunciando a venda do local.
No entanto, a falência desses estabelecimentos não pode ser tributada totalmente à atual crise econômica. “Uma conjunção de fatores vem tornando cada vez mais difícil a sobrevivência de bares e restaurantes em Salvador, e isso vem ocorrendo há uns dois anos”, afirma Luiz Henrique Amaral, presidente da regional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Abrasel-Bahia.
De acordo com Luiz Henrique, “a Lei Seca, a insegurança e o fato de a equação econômica desses estabelecimentos ter chegado a um dos seus piores índices (preços altos e retorno baixíssimo para o empreendedor) tiram até mesmo a motivação do empresário para inovar e investir.”
Situação grave
De acordo com o presidente da Abrasel-BA, “há muito tempo que não se via uma situação tão difícil para o setor.” Ele destaca que as dificuldades atingem com mais força ainda os bares e restaurantes localizados ao longo da Orla, inclusive na outrora movimentadíssima região do Jardim dos Namorados.
“As pessoas praticamente não se deslocam mais, em função da Lei Seca e da insegurança pública, e o poder atração desses estabelecimentos diminuiu bastante”, afirma Luiz Henrique, ao tempo em que destaca que, em contrapartida, bares localizados em bairros têm registro de aumento considerável de movimento, pois as pessoas optam por ficar na vizinhança de casa.
A situação também não é boa para bares e restaurantes localizados em shoppings, “sobretudo após o início da cobrança pelo estacionamento”, diz Luiz Henrique. Aliás, ele assinala que a queda nesses locais já chega a 30%.
Finalmente, o presidente da Abrasel-BA destaca que “a única esperança de melhora está no turismo, “porém os dados deste setor não parecem muito animadores.”
Situação ruim em São Paulo
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel nacional) divulgou nota no dia 9 de outubro último, na qual informa que o aumento de 18% para 23% do ICMS sobre a cerveja proposto pelo governo estadual de São Paulo “irá agravar o alarmante cenário que o setor de bares e restaurantes enfrenta no momento”. Hoje, o estado de São Paulo possui mais de 350 mil bares e restaurantes, segundo a entidade.
Diante do cenário de crise econômica, um em cada quatro estabelecimentos já fecha o mês com prejuízo. “Esse aumento de impostos pode resultar na demissão de 450 mil pessoas. Não temos mais como absorver tanto imposto e aumento de custos”, disse Paulo Solmucci, presidente nacional da Abrasel, durante coletiva para jornalistas em São Paulo. A associação prevê ainda que a alta do imposto pode causar o fechamento de 85 mil estabelecimentos no estado de São Paulo.
De acordo com a Abrasel, o setor de bares e restaurantes emprega 1,8 milhão de pessoas no estado e a venda de bebidas representa até dois terços do faturamento. A entidade afirma que com o aumento da alíquota do ICMS da cerveja, o preço final ao consumidor deve subir, afugentando ainda mais os clientes.
“Estimamos que para cada 1% de aumento no preço, teremos uma redução de 1,5% no volume de venda de cerveja”, afirma Solmucci. Ele explica que a arrecadação não será a esperada pelo governo, pois deverá haver uma retração de cerca de 30% no volume. (Tribuna)