Crise no União Brasil: saiba tudo sobre os desentendimentos envolvendo líderes da sigla
Por Daniela Pereira
Os problemas internos envolvendo líderes do União Brasil (UB) parecem não ter fim. No âmbito nacional os desentendimentos se tornaram público e o resultado foi a saída do deputado Luciano Bivar da presidência do partido.
O ex-prefeito de Salvador, Acm Neto (UB) foi apontado como um dos principais articuladores para a saída de Bivar, uma vez que ambos já teriam protagonizado discussões acaloradas. A mais intensa teria ocorrido na última reunião do partido.
Segundo integrantes da sigla, após divergências sobre o diretório do Amazonas, o presidente do partido apontou o dedo a Neto e proferiu, segundo relatos, uma série de ofensas e xingamentos. Após o ocorrido, Neto teria organizado uma resposta partidária, através de carta na qual questiona publicamente como Bivar conduziu a situação no Amazonas.
“Precisamos de uma Direção Nacional mais plural no União Brasil, onde o presidente nacional reúna com frequência o partido e as decisões estratégicas, municipais, estaduais e nacional, sejam tomadas pelo desejo da maioria”, diz nota assinada por oito integrantes da legenda, todos oriundos do DEM.
Após o episódio, Bivar já teria sinalizado a possibilidade de deixar o cargo, o que aumentam as apostas para que a liderança do partido seja assumida pelo advogado e empresário Antônio Rueda, também desafeto de Neto. A mudança não tem data definida, mas é “iminente”, segundo fonte do Diário do Poder na cúpula do União Brasil. Rueda é atual vice-presidente e sua posse não passa por eleição em convenção.
Além disso, o UB pode sofrer uma baixa importante na Câmara. A possibilidade de Elmar Nascimento, líder do partido, deixar a sigla para desembarcar no PP, de Arthur Lira, é real. Um dos favoritos para suceder Arthur Lira na presidência da Casa, Elmar também tem atritos com Luciano Bivar e a proximidade com Lira influencia diretamente no desenho para tornar-se um progressista.
Na Bahia
Já âmbito estadual, a confusão ocorre dentro da Assembleia Legislativa, justamente com o líder do partido na Casa. Marcinho Oliveira tem uma relação com o governador Jerônimo Rodrigues e o Partido dos Trabalhadores, vista como “duvidosa” para alguns correligionários.
O primeiro ato ocorreu logo na cerimônia de diplomação, quando ao subir no palco, seu filho caçula, Lucas, ganhou os holofotes ao fazer o L, símbolo costumeiramente feito por apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito em outubro assim como Marcinho Oliveira – que apoiou ACM Neto na eleição estadual.
Filho de deputado do União Brasil ‘faz o L’ de Lula durante diplomação; saiba quem é pic.twitter.com/DnMniCBMi2
— BNews (@bnews_oficial) December 17, 2022
Mas dos males esse foi o menor. Meses depois Marcinho apareceu em palanque com Jerônimo Rodrigues, durante inauguração de uma escola no município de Crisópolis.
Integrante da bancada oposicionista, Marcinho foi fortemente criticado pelos deputados estaduais Robinho (União Brasil) e Alan Sanches (União Brasil), líder da oposição na Alba, por ter comparecido ao evento, também ao lado do colega de legislativo Niltinho (PP), que é governista. Veja foto abaixo:
Procurado pelo BNews, Oliveira explicou a situação e rechaçou qualquer relação política com o gestor estadual. “Não tem aproximação nenhuma com o governador. O que houve foi uma presença minha em um palanque institucional, a inauguração de uma escola em Crisópolis. Não vejo nada demais. Não fui lá como líder do União Brasil. Fui como deputado estadual”, afirmou Marcinho Oliveira.
Apesar das explicações, na última segunda-feira (18), Marcinho faltou a uma reunião convocada pelo prefeito Bruno Reis (UB), com os deputados da oposição na Alba, mas cumpriu agenda em Euclides da Cunha, onde Jerônimo também marcou presença.
Procurado pelo BNews, Marcinho justificou a ausência. “Estou no interior, numa agenda em Euclides da Cunha, é aniversário da cidade. É um momento de entregas, inaugurações e desfile cívico na cidade. Já tinha essa agenda previamente marcada”, declarou, para a reportagem.
O clima pesou tanto na relação de Marcinho com os colegas de partido, que o novato partiu para a guerra e resolveu revelar os votos dos correligionários durante votação para escolha do novo conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), ocorrida em março. A disputa foi protagonizada por Aline Peixoto e Tom Araújo (candidato da oposição).
Segundo o Informe Baiano, após ter sido criticado por Luciano Simões Filho, Marcinho classificou o deputado como “sem moral e credibilidade” e o acusou de ter votado na ex-primeira-dama, descumprido recomendação de ACM Neto, Bruno Reis e da bancada.
Diante de toda a polêmica, ganham forças as articulações para Marcinho deixar a liderança do UB na Alba. Correndo por fora, o deputado Robinho (UB) afirmou ao Metro 1 que pode aceitar ser o líder do União Brasil na AL-BA, em caso de consenso e pedido da base.
Após repercussão, Robinho negou o desejo de disputa e disse que não teria tempo para liderar e representar a legenda, já que ele é “pré-candidato a prefeitura de Mucuri“.
“Eu não me ofereci e não tenho interesse em ser líder. Não é porque eu não tenho interesse em ser líder, é porque eu tenho outros projetos políticos pra mim. Meu nome não vai ser um bom porque eu não tenho tempo para liderar, representar o União Brasil. Eu sou pré-candidato a prefeito de Mucuri. Acho que ele [Marcinho] errou como líder não conversando, agora não existe esse negócio de Robinho assumir a lideraça na ALBA”, disse o parlamentar ao BNews.