PSB de Eduardo e PTB de Armando se estranham mais uma vez
O senador Armando Monteiro Neto (PTB) não é de engolir sapos. Nem mesmo quando se trata de manter as aparências políticas e a boa relação com o governador Eduardo Campos (PSB). Nesta segunda-feira, o secretário-geral do PTB e um dos principais homens de sua confiança, o deputado José Humberto Cavalcanti, respondeu de forma dura ao líder do governo na Assembleia Legislativa, Waldemar Borges (PSB), que condenou o senador por antecipar a sucessão estadual de 2014.
Cavalcanti frisou que o secretário nacional do PSB, Carlos Siqueira, foi o primeiro a antecipar a disputa no estado quando sentenciou, em entrevista ao Diario, no dia 25 de agosto, que em pelo menos sete estados a legenda socialista tinha definido que teria candidatos próprios. “Pernambuco, Espírito Santo, Paraíba, Amapá, Roraima, Goiás e Bahia são estados que estão bem definidos. Teremos candidato próprio em todos eles. Os outros estão em construção”, declarou Siqueira na ocasião, ao avaliar a situação nacional do PSB, e admitir, também, o rompimento do PSB e do PT em vários estados.
Para o deputado petebista, “se alguém está se precipitando ou estreitando processo sucessório são vozes importantes do PSB, a exemplo de Carlos Siqueira (…). E Carlos Siqueira, inclusive, é uma das vozes que tem maior status no partido que o próprio companheiro Waldemar Borges. Portanto, o deputado deveria primeiro dialogar e tentar orientar os companheiros do seu próprio partido.
José Humberto disse que o PTB sempre contribuiu para o projeto da Frente Popular e se manterá pronto a participar de debates visando “aprimorá-lo e corrigir seus rumos”. A linha do discurso do parlamentar foi a mesma adotada por Armando no programa eleitoral do partido, onde ele prometia aprimorar rumos, ao estilo do é necessário “fazer mais” de Eduardo.
O deputado Waldemar Borges (PSB) rebateu a nota de José Humberto (PTB) e declarou que, “dentro da visão hierarquizada do colega, não está exatamente preocupado em saber qual o status do deputado dentro do PTB, mas que, independentemente disso, reafirma que não vê nenhuma falta de legitimidade na candidatura postulada pelo PTB, a única colocada desde o dia seguinte ao término do pleito majoritário estadual passado”.
Borges defende que não se pode tentar criar uma ideia de que há qualquer movimento de exclusão. “Assim como o PTB, todos os demais partidos têm essa mesma legitimidade. Levanto apenas que deve ficar claro, quando se fala em exclusão, o que de fato se busca: se efetivamente um debate ou se um chamamento para apoiar um nome, previamente colocado. Nesse caso, o tempo de cada partido tem que ser respeitado, assim como o caminho que cada um vier a entender como sendo o melhor para garantir o fortalecimento do projeto que defende. Isso pode levar, tanto em nível estadual, quanto federal, a diversas alternativas”, concluiu.
Passado – Essa não é a primeira vez que o PSB e o PTB se estranham. De todos os partidos integrantes da Frente Popular, o PTB é o único que se posiciona publicamente quando discorda dos rumos adotados pelo governo do estado ou por Eduardo. Por um breve instante, os petebistas chegaram a pensar que seriam parceiros imprescindíveis do governador quando foram os primeiros a aceitar que o PSB lançasse candidato a prefeito, em 2012, em virtude da briga interna do PT. Armando jogou, apostando no bulmerang político, mas não viu retorno em momento algum. Nos bastidores, os socialistas continuaram falando em nomes do partido para disputar o governo do estado, sem levar os aliados em consideração, e Armando Monteiro percebeu, reproximando-se do PT e com chances de receber apoio de Dilma em 2014.
Oficialmente, apenas dois deputados não protagonistas da disputa eleitoral trocaram farpas através da imprensa – Waldemar Borges e José Cavalcanti -, mas o meio político está cansado de saber que ambos só elevaram o tom dessa forma se tivessem o aval dos seus respectivos líderes partidários, seja Eduardo Campos ou Armando Neto. (Diário de Pernambuco)