Cruzada Libertadora obtém soberania do Uruguai em relação ao Brasil
A Província Cisplatina, palco de diversas lutas travadas em nome da política expansionista do Império Brasileiro, se encontrava sob o domínio legal do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve desde 1821, após determinação do Congresso Cisplatino. Por esse motivo, despontavam na região insatisfações populares e sentimentos nacionalistas, que eram reforçados pela presença de líderes como o general José Gervazio Artigas, conhecido por travar inúmeras lutas em defesa da independência do território uruguaio.
Apesar de a Constituição da República do Uruguai só ser proclamada em julho de 1830, o ano de 1825 é determinante para a conquista da soberania do país. Data dessa época a “Cruzada Libertadora”, expedição empreendida pelo coletivo denominado “os 33 orientais” que tinha como objetivo libertar a Província Oriental do domínio luso-brasileiro imposto sobre a região.
Curiosamente, estudos atuais indicam que o número de participantes da expedição não era 33 e que dentre eles figuravam também comerciantes e proprietários de terra responsáveis por ajudar com os recursos necessários durante a viagem. Apesar disso, o nome do grupo liderado por Juan Antonio Lavajella permaneceu, assim como os relatos do trajeto da Cruzada pela independência, que teve como ponto de partida a cidade de Buenos Aires, cruzou o Rio Uruguai e alcançou o seu destino final, a Praia da Agraciada, em 19 de Abril de 1825.
O resultado da missão inaugurou uma nova etapa da luta pela independência. Os expedicionários, até então poucos, receberam o suporte de mais pessoas insatisfeitas com o governo então vigente e inauguraram, na Villa de Florida, um quartel general com o objetivo de formular leis que integrariam a Constituição da República nascente.
Na sequência, foram convocadas eleições para determinar os representantes responsáveis por elaborar o novo código nacional e, em 20 de agosto de 1825, os eleitos juraram sustentar e defender a liberdade do país. A data de 25 de agosto tem grande relevância, pois foi nela em que três importantes determinações foram estabelecidas pelos legisladores: a independência da República Oriental do Uruguai, que a partir desse momento ficava livre do domínio imperialista; a união com as demais Províncias do Rio da Prata; e a criação de um Parlamento para a República.
Enquanto isso, o movimento era acompanhado pelo imperador brasileiro Dom Pedro I, que declarou guerra contra os emancipacionistas após ser notificado da proclamação unilateral de independência da Província Cisplatina.
O conflito, conhecido como “Guerra da Cisplatina”, durou aproximadamente três anos e representou uma grande derrota para o Império Brasileiro, que não possuía um contingente militar efetivo e sofreu duras baixas nas batalhas. Além disso, a Guerra resultou em diversos prejuízos financeiros para a economia brasileira, aumentando a dívida externa do país e suscitando questionamentos da população a respeito da liderança de Dom Pedro I.
Fonte: Ópera Mundi