Com a chegada do verão – festas, ensaios, dias inteiros na praia… -, e a redução do número de contaminações por Sars-Cov-2, principalmente a queda de casos graves, é fácil esquecermos que o vírus da Covid-19 ainda está circulando por aí. O problema é que o relaxamento completo das restrições contribui para que o vírus continue vivendo em meio à população, evoluindo, variando e criando mutações as quais seja possível que nem mesmo as quatro doses da vacina contra Covid-19 consigam nos proteger.
“A alta circulação de pessoas e o descontrole nas medidas de transmissão do vírus da Covid-19 são os principais fatores para o surgimento dessas novas mutações e variantes porque é da natureza do vírus sofrer erros e mutações no seu material genético durante o processo de replicação. Então, quanto maior a circulação do vírus e mais casos acontecendo, maior a probabilidade do vírus acumular mutações que podem ter a capacidade de escapar da imunidade de forma eficaz e causar doenças leves, moderadas ou graves”, explica a médica infectologista Juliana Correia.
Ou seja, o problema de uma nova variante, para quem se vacinou ou não, é que esse vírus mutante pode se tornar forte ao ponto de fugir desse sistema imunológico, apesar das vacinas, causando infecção, podendo levar ao estágio mais grave da doença. A vilã da vez é uma mutação da XBB (variante recombinante da Ômicron), a XBB.1.5, apelidada de Kraken – monstro marinho da mitologia nórdica -, e que disparou o número de casos nos EUA.
Não há casos confirmados da mutação na Bahia ou no Brasil, mas a virulência preocupa: de acordo com o vacinômetro do Governo do Estado da Bahia, 72,78% da população de Salvador já tomou a 4ª dose, mas apenas 53,93% dos baianos tomaram essa 2ª dose de reforço, e dada a estimativa da Secretaria de Turismo da Bahia (Setur-BA) de que cerca de 6,2 milhões de turistas passarão pela Bahia até março de 2023, é preciso ficarmos em alerta.
Vigilância
No entanto, como já pode ser observado nos últimos três anos, a pandemia da Covid-19 não é algo fácil de ser controlado pelas autoridades em saúde pública, nacionais ou mundiais. Então, o que a comunidade científica sugere é que essas autoridades mantenham a vigilância genômica. ”Ou seja, que o país, o mundo e a OMS tenham capacidade de detectar as variáveis mais precocemente possível, verificar se são de grande transmissibilidade e virulência para tomar providências que ajudem a diminuir a disseminação”, explica Juliana Correia.
E a população, reitera a infectologista, também deve fazer a sua parte ficando atenta aos informes da Secretaria de Saúde e da imprensa, e havendo um aumento do número de casos, passar novamente a usar máscara, evitar aglomerações, e ter maior cuidado com aqueles mais vulneráveis – como idosos, imunossuprimidos, e pessoas com doenças crônicas e pulmonares.
“De certa forma, precisamos aprender a viver com a Covid-19, principalmente neste período de festas. A população está vacinada e já temos medicações disponíveis no mercado para diminuir a gravidade da doença. Porém, se estamos em um momento no qual o número de casos está aumentando, é preciso reduzir essas festas e orientar a população, principalmente aquelas pessoas que possuem o risco de terem o estágio grave da doença”, aconselha a infectologista.
Fonte: A Tarde