A última edição do Enem foi a quarta realizada pelo estudante, que concluiu o ensino médio em uma escola pública no ano de 2019. Após esse período, Igor trabalhou de garçom, assistente administrativo de escritório e agente censitário do IBGE.
Depois das diversas experiências profissionais, Igor decidiu retomar os estudos no ano passado com o objetivo de ingressar no ensino superior público.
“O trabalho com o IBGE foi meu último emprego. Depois, não arrumei mais nada. Foi aí que decidi focar nos estudos para conseguir uma profissão”, comentou.
Para conseguir o objetivo, ele manteve uma rotina diária de estudos. Inicialmente, a preparação aconteceu com o auxílio de um curso vestibular. No entanto, o aluno, que é filho de um serralheiro e de uma merendeira, não pode mais arcar com o pagamento do curso.
“Eu pagava ele com o Bolsa Família, mas teve um mês que cortaram e eu não tinha mais condições de ir. Passei uns seis meses, mas depois eu precisei trancar por isso”, explicou.
No momento de dificuldade, foi a ajuda de uma amiga que manteve Igor no caminho para a nota máxima na redação. “Minha amiga disponibilizou um curso online que ela já tinha comprado e foi assim que eu continuei os estudos”, comentou.
Sozinho em casa, a rotina exigia disciplina do estudante. “Eu acordava por volta das 10h da manhã e ia até às 17h estudando. Fazia uma pausa só pra comer e fazer exercício. Depois, ia das 20h até a madrugada com o estudo”, relembrou.
A recompensa pela dedicação foi obtida nesta terça, quando o resultado foi divulgado. Inicialmente, Igor não acreditou que tivesse conseguido a nota máxima.
“Minha namorada foi quem viu. Daqui da minha casa, eu não conseguia entrar de jeito nenhum [no site], mas ela conseguiu. Quando mandou pra mim, eu não acreditei, pedi pra atualizar a página achando que era um erro”.
Só depois de ver o mesmo resultado na tela que a ficha do estudante caiu. “Foi aquela alegria, todo mundo aqui em casa comemorou junto”.
Agora, Igor aguarda a abertura do Sisu para aplicar a nota no curso de ciências biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife. “É um curso que eu já me interessava faz tempo, mas não tinha tido ainda coragem de estudar e correr atrás pra isso. Agora eu vou”, concluiu.