Dallagnol acionou ministro Barroso contra Gilmar Mendes na Lava Jato

Novas mensagens da Operação Spoofing, obtidas pelo Jornal GGN, mostram como o ministro Luis Roberto Barroso foi um aliado para Deltan no STF

(Foto: STF | ABr)

O ex-procurador Deltan Dallagnol fez uma abordagem pessoal ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de buscar decisões que pudessem resultar no afastamento do ministro Gilmar Mendes de alguns casos relacionados à Operação Lava Jato, revelam documentos da Operação Spoofing, divulgados nesta quarta-feira (14) pelo Jornal GGN. De acordo com os diálogos, Dallagnol trocou mensagens e realizou ligações diretamente para o ministro Barroso, apresentando argumentos em defesa da Lava Jato e solicitando celeridade em decisões. Essas conversas, que datam de 2020, ocorreram entre Deltan e o procurador Diogo Castor de Mattos, que expressou a insatisfação da equipe da Lava Jato em relação à distribuição de casos no Supremo Tribunal Federal.

Segundo o GGN, Diogo Castor suspeitava que os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, que haviam proferido decisões desfavoráveis à Operação Lava Jato em várias ocasiões, estivessem agindo de forma parcial e defendeu a possibilidade de uma “busca” contra esses magistrados. As conversas indicam que Barroso estava relutante em interferir nos casos sob responsabilidade de seus colegas de tribunal. Em certa ocasião, ele orientou Deltan a buscar uma solução por meio da Procuradoria-Geral da República em relação a um recurso que ele próprio teria que analisar no STF.

Em 30 de novembro de 2018, Deltan compartilhou com Diogo Castor uma mensagem que havia enviado diretamente ao ministro Barroso. Ele pediu sigilo ao colega procurador, enfatizando: “Não fale para ninguém”. Na mensagem enviada a Barroso, Deltan anunciou sua intenção de solicitar a prisão de “figuras importantes do PSDB” do estado do Paraná. No entanto, ele condicionou essa ação à decisão do STF sobre a competência do ministro Gilmar Mendes para julgar recursos dos envolvidos no caso Rodonorte, que afetou o ex-governador Beto Richa. Deltan argumentou que seria “contraproducente” apresentar os pedidos de prisão antes que a competência do Ministro Gilmar Mendes fosse definida de alguma forma.

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