Decisão de Dino fez Rei do Lixo fretar avião às pressas para Brasília

A operação Overclean se consolida como uma peça-chave para desvendar lacunas nas investigações conduzidas pelo ministro Flávio Dino

Flávio Dino
Flávio Dino (Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF)
A operação Overclean se consolida como uma peça-chave para desvendar lacunas nas investigações conduzidas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), relacionadas à liberação de emendas parlamentares. Segundo apuração publicada pelo portal Metrópolesenquanto Dino prioriza a análise de critérios de transparência e rastreabilidade dessas emendas, a Overclean expõe como os recursos foram utilizados, desviados e vinculados a fraudes em contratos e obras públicas.

A integração entre os casos foi defendida pela Polícia Federal (PF) ao solicitar que a relatoria da operação permanecesse sob a responsabilidade de Flávio Dino. No centro das ações está a decisão de Dino de estabelecer critérios rigorosos para a liberação das emendas, o que teria levado grupos criminosos a ajustarem suas estratégias. Uma dessas reações foi monitorada pela PF e resultou na apreensão de mais de R$ 1,5 milhão em espécie e documentos que apontam para um esquema bilionário de corrupção.

O papel de Marcos Moura e o fretamento emergencial

Uma das principais figuras na investigação é Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, acusado de articular um fretamento de última hora de uma aeronave privada logo após a liberação das emendas parlamentares com os novos critérios de transparência. Segundo o depoimento do piloto do avião, o voo foi organizado de forma emergencial. “Recebi a ligação de Marcos Moura, solicitando o serviço com urgência, ajustando todos os detalhes de logística em menos de 24 horas. Não me informaram o motivo específico, apenas que era uma viagem crucial”, revelou.

No dia 3 de dezembro de 2024, Alex Rezende Parente e Lucas Lobão, também investigados por lavagem de dinheiro e corrupção, embarcaram em Salvador com três malas e duas mochilas contendo R$ 1,5 milhão em espécie. De acordo com a PF, o montante seria utilizado para influenciar parlamentares a “flexibilizarem” os critérios de transparência determinados por Flávio Dino.

Ação da PF e apreensões

A apreensão ocorreu no Aeroporto Internacional de Brasília, onde agentes confiscaram, além do dinheiro em espécie, uma planilha detalhando contratos suspeitos que somam mais de R$ 200 milhões. Um dos documentos cita explicitamente “MM”, possivelmente uma referência a Marcos Moura.

Durante os depoimentos, Alex Parente alegou que o dinheiro era proveniente de vendas acumuladas em um cofre empresarial, enquanto Lucas Lobão afirmou não ter conhecimento sobre o valor transportado. As versões conflitantes reforçaram as suspeitas da PF.

Cronologia dos acontecimentos

2 de dezembro de 2024 — Liberação de emendas com novos critérios

  • O ministro Flávio Dino aprova a liberação de emendas parlamentares após a implementação de critérios rigorosos de transparência e rastreabilidade.

3 de dezembro de 2024 — Ação da PF e apreensão

  • A Polícia Federal apreende R$ 1,5 milhão em espécie, além de uma planilha com contratos suspeitos no valor de R$ 200 milhões.

23 de dezembro de 2024 — Suspensão de emendas

  • Dino suspende o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas devido à falta de transparência nos repasses denunciada pelo PSOL. Ele determina ainda a abertura de auditoria pela Controladoria-Geral da União (CGU) e a instauração de inquérito pela PF.

Implicações e próximos passos

A operação Overclean destaca a complexidade e o alcance dos esquemas de corrupção envolvendo recursos públicos. A integração das investigações conduzidas pelo STF e pela PF promete esclarecer a participação de lideranças políticas e empresariais, como Marcos Moura, em desvios bilionários. A decisão sobre a relatoria do caso segue sob análise, com expectativas de que Dino continue liderando as investigações para garantir avanços no combate à corrupção.

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