Deputado e prefeito de Casa Nova são suspeitos de usar mulher como ‘laranja’ em compra de terreno

Gestor afirma que processo ocorreu dentro da legalidade; parlamentar promete acionar Justiça contra ‘grupo político em declínio e largamente rejeitado’

[Deputado e prefeito de Casa Nova são suspeitos de usar mulher como 'laranja' em compra de terreno]
Foto : Divulgação

Por Alexandre Galvão e Adelia Felix no dia 07 de Novembro de 2019 ⋅ 17:53

A prefeitura de Casa Nova, na Bahia, vendeu por R$ 1,5 milhão um terreno no centro da cidade. A área, de mais de 2.800m², foi alvo de negociação em duas oportunidades, no ano passado, por meio de licitações dadas como deserta – quando nenhum comprador oferece proposta.

Quando a gestão de Wilker Torres (PSB) mudou a modalidade de venda, o terreno foi arrematado por R$ 1,5 milhão por Mary Rodrigues Figueiredo. Vereador da base do prefeito, Vanderlin (PCdoB) afirmou em plenário que se sentiu enganado pelo chefe do Executivo Municipal com a venda. “Não achei correta. Nunca questionei a legalidade do processo, mas acho que não teve a moralidade necessária. Eu me sinto enganado. […] Todo mundo sabe que aquele terreno vale mais que R$ 1,5 milhão. Não posso concordar com essa situação”, lamentou.

Uma ação popular que pede anulação da venda do terreno foi movida pelo advogado Paciel Coelho após manifestação do ex-vereador João Honorato (Avante). À reportagem, ele afirmou que a área vale mais de R$ 10 milhões. Ainda de acordo com Honorato, a nova proprietária do imóvel, durante o processo milionário de compra, fazia uma “rifa” na cidade para pagar tratamento médico da filha menor de idade.

O ex-parlamentar e pré-candidato a prefeito disse também que o irmão do prefeito, deputado estadual Tum (PSC), possui forte ligação com Mary. sempre presente em seus eventos sociais em Brasília. Ele relatou que no ano de 2013, Mary iniciou “uma relação comercial” com a prefeitura através da MX3 Produções, realizando eventos na cidade.
“Ela é laranja deles. No mesmo momento que estava adquirindo o terreno por um R$1,5 milhão, ela não tinha recursos para tratar a saúde da filha. A conta que recebia os valores dos bilhetes é a mesma conta usada para transferir o pagamento desse terreno. Venderam o terreno abaixo do valor para uma pessoa que não tem condições de adquirir esse imóvel”, acusou.

Outro lado
A reportagem procurou Mary e o prefeito. Eles informaram que enviariam uma nota, mas até a publicação nada foi encaminhado. À imprensa local, o gestor disse que na proposta votada e aprovada pela maioria absoluta da Câmara Municipal “não tem uma vírgula de ilegalidade”.

Ao site, o deputado Tum disse que até 2018, se dedicou aos negócios da família, não tendo nenhum tipo de influência na administração de Casa Nova. Como empresário, mantém e sempre manterá negócios no município, terra onde nasceu, sendo todos de conhecimento público, e que nunca teve ou manifestou interesse nesse tipo de aquisição.

Por fim, Tum também considerou que o “retorno do assunto à pauta cumpre tarefa perversa de disseminar a desinformação entre a comunidade casa-novense, missão executada por um grupo político em declínio e largamente rejeitado na opinião popular”. Ele ressaltou também que “a tentativa de relacionar o seu nome a esse fato não passa de desespero político há menos de um ano das eleições municipais, e que cobrará, judicialmente, se necessário, a retratação aos autores dessas mentiras”.

Leia a íntegra da nota divulgada pelo prefeito:

A população de Casa Nova não merece tanta incompetência, falsidade, fakes e muito menos essa companhia teatral, melancólica e sem graça que se diz oposição.

Sancionei no dia 07 de junho de 2017 a Lei 259/2017 autorizando a venda de um terreno, obsoleto e inservível à Prefeitura de Casa Nova. Na proposta votada e aprovada pela maioria absoluta da Câmara de Vereadores, não tem uma vírgula de ilegalidade e até o erro de redação, foi corrigido e a lei republicada.

O valor foi discutido e aprovado. Um ano e meses depois, quando os recursos da venda estão sendo devidamente aplicados nos objetivos acertados quando da venda, a turma, vem a público “denunciar” preço, condições de pagamento e falsificação na lei.
Repito: Não há nada de irregular, nada feito às escondidas. Ao contrário: a licitação foi marcada por três vezes seguidas, sem que nas duas primeiras vezes tenha aparecido nenhuma empresa ou pessoa interessada. Todos os procedimentos foram executados à luz das exigências que norteiam a alienação de bens públicos, por valores aprovados e confirmados.

Resta uma constatação: Essa turma sabe que vai perder e se une na inconsequência de intentar um golpe que foi desmoralizado hoje na Câmara e será sepultado pela Justiça.

Ao povo de Casa Nova e, especialmente, à comunidade de Santana do Sobrado: Nenhuma turma vai impedir ou atrasar o processo de mudança que estamos conduzindo, com respeito à vontade do Povo, confirmada em 2016 e reafirmada em 2018.

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