Deputados pedem cassação de Ramagem e Pazuello após indiciamentos da PF
A federação PSOL/Rede na Câmara vai pedir nesta quinta-feira (21) a cassação dos deputados federais Alexandre Ramagem e Eduardo Pazuello (ambos do PL-RJ) por causa dos indiciamentos feitos pela Polícia Federal no encerramento das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL).
A lista de indiciados inclui Ramagem, que foi diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e um ex-assessor de Pazuello, o general da reserva Mário Fernandes. O pedido ao Conselho de Ética aponta quebra de decoro dos dois. Ramagem é o único parlamentar indiciado no inquérito do golpe. No caso de Pazuello, a alegação dos adversários é que ele abrigou o investigado em seu gabinete na Câmara.
Os autores do pedido afirmam que a permanência dos membros do PL na Câmara ficou insustentável. Ramagem, coincidentemente, é um dos membros titulares do Conselho de Ética.
Segundo a líder do PSOL, Erika Hilton (SP), os dois mandatos estão “diretamente ligados à tentativa golpista contra nosso próprio país”.
“É inconcebível que o Congresso Nacional sirva de abrigo, e remunere todos os meses com dinheiro público, pessoas envolvidas em uma tentativa de golpe de Estado que incluía até mesmo o assassinato do presidente da República, do vice-presidente e de um ministro do Supremo”, diz a deputada.
A cassação de Ramagem já é um pleito antigo da bancada PSOL/Rede. Em julho, os deputados cobraram do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), providências para agilizar a tramitação de uma representação de abril contra o ex-diretor-geral, que não chegou a ser acatada pelo conselho. O pedido tinha como base o fato de Ramagem ser um dos investigados pela PF no caso da “Abin paralela”.
Ramagem nega ter cometido irregularidades durante sua passagem pela agência e sempre buscou se distanciar das suspeitas sobre a trama golpista. Ele não se manifestou sobre o indiciamento desta quinta. O deputado é suspeito de ter chefiado esquema paralelo de espionagem durante a gestão Bolsonaro.
Pazuello, que foi ministro da Saúde de Bolsonaro, saiu em defesa de Mário Fernandes nesta semana, após o militar ser preso em operação da Polícia Federal na terça-feira (19). Segundo a PF, Fernandes foi o responsável pela elaboração do plano para matar Lula (PT), então presidente eleito, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O deputado disse em nota na ocasião reafirmar “sua crença nas instituições do país e na idoneidade do general”, que foi seu assessor de gabinete entre março de 2023 e março deste ano. Ele afirmou ainda ter “certeza de que logo tudo será esclarecido”.
De acordo com as investigações, Fernandes teria imprimido o planejamento para matar Lula e Moraes em 9 de novembro de 2022 dentro do Palácio do Planalto, um mês antes de um encontro com Bolsonaro. Ele também foi descrito pela PF como “um dos militares mais radicais” do caso.
Joelmir Tavares, Folhapress