Documentarista denuncia risco de “limpeza étnica” na Palestina

Do G1 — A guerra no Oriente Médio entre israelenses e o grupo terrorista Hamas entrou no décimo dia nesta segunda, com mais de 4 mil mortos. O cerco à Faixa de Gaza e a tentativa de criação de um corredor humanitário para a retirada de civis é debatida pelas autoridades internacionais. Em entrevista à GloboNews, a documentarista especialista em Política e História do Oriente Médio Júlia Bacha relatou sobre a situação na região, já que colegas da sua produtora Just Vision estão em Tel Aviv, Ramallah, Haifa, Gaza e Jerusalém. “Existe uma crise humanitária de níveis que nós não vemos há muito muito tempo”.

“A possibilidade de limpeza étnica da população palestina nesse momento é gravíssima. Eu sei que muitas pessoas se perguntam como que as piores atrocidades que a gente sabe que foram cometidas historicamente, como que isso foi possível, como que se deixou acontecer. E a gente está vivendo nesse momento, agora, uma lição de como as atrocidades acontecem”, continua.

Júlia explica que o trabalho da sua produtora há duas décadas foca em contar histórias de palestinos israelenses que se solidarizam um com outro e trabalham por um futuro mais igual na região.

“Existem muitos exemplos de resistência pacífica onde palestinos com a solidariedade de ativistas israelenses tentaram montar levantes”, explica. Mas, segundo ela, esse tipo de resistência não recebe a atenção mundial e os olhos só se voltam para a região quando há ataques violentos.

“Quando a violência terrível, horrorosa, brutal do Hamas acontece, agora nós estamos falando. Num contexto desesperador, porque o contexto agora é um contexto em que a vida de dois milhões de pessoas dentro de Gaza está nas mãos de um governo abertamente racista, com o apoio completo do governo americano.”, analisou a documentarista.

Perseguição a jornalistas

Outra crítica feita pela brasileira é na perseguição a Israelenses que são contra a guerra, incluindo jornalistas. “Eu não sei se vocês estão acompanhando o que está acontecendo em Israel nesse momento, mas israelenses que se colocam contra a guerra nesse momento estão sendo perseguidos”, diz ela.

Segundo Júlia Bacha, jornalistas judeus que se declaram contra os ataques em Gaza são perseguidos. Segundo seus colegas em Israel, um jornalista quase foi violentamente atacado no caminho de casa por causa do seu posicionamento.

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