A mulher começou a trabalhar como empregada doméstica aos 6 anos na casa de Heny Peluso Loureiro, falecida no ano passado, e seus filhos. Ela não recebia pagamento em dinheiro, apenas moradia e alimentação, e não teve acesso à educação ou a relacionamentos saudáveis. Além disso, não possuía certidão de nascimento, e o documento obtido mais tarde continha informações falsas sobre sua filiação.
Após a morte da patroa, a mulher viveu com um dos filhos da ex-patroa, onde também sofreu maus-tratos. Sua situação chamou a atenção da assistência social ao tentar se cadastrar para benefícios sociais, o que levou à sua eventual busca por ajuda.
Atualmente, a mulher está empregada com carteira assinada, vive em um imóvel alugado e estuda à noite para se alfabetizar. Ela também está vivendo seu primeiro relacionamento amoroso. Enquanto os filhos da ex-patroa se preparam para vender dois imóveis para pagar a indenização, eles mantêm um pagamento mensal de um salário mínimo.
Camilla Mello, procuradora do MPT que acompanhou o caso, afirmou que, apesar de nenhum valor poder compensar o que a mulher passou, o acordo proporciona uma oportunidade de reconstruir sua vida dignamente. O MPT abriu um inquérito para investigar a situação e, após tentativas frustradas de acordo extrajudicial, decidiu ingressar com uma ação civil pública.
No acordo homologado pela Justiça do Trabalho, os empregadores não admitem culpa, mas se comprometem a pagar a indenização e a regularizar a carteira de trabalho da mulher.