Dono de mansões e foragido da Justiça, miliciano usa no peito tatuagem do Olho de Tandera

Na foto, uma hidromasagem no banheiro de um dos imóveis sequestrados pela Justiça em um condomínio de Seropédica. Foto reprodução
Na foto, uma hidromasagem no banheiro de um dos imóveis sequestrados pela Justiça em um condomínio de Seropédica. Foto reprodução Foto: Agência O Globo
Marcos Nunes

Projetado no céu como um sinal de chamada para o combate, como a marca do Batman, também usada pela maior milícia do Rio, o Olho de Tandera está tatuado no peito do homem encarregado de expandir os negócios do grupo paramilitar para a Baixada Fluminense. Danilo Dias Lima, de 34 anos, o Danilo Tandera, teve a prisão decretada pela Justiça.

Cartaz com recompensa do Disque-Denúncia
Cartaz com recompensa do Disque-Denúncia

O criminoso tem no corpo a tatuagem do símbolo dos Thundercats, seriado de animação que fez sucesso no Brasil em meados dos anos 80. Além dele, de acordo com o Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro, seus principais homens de confiança fizeram a mesma tatuagem

Na foto, um dos imóveis sequestrados pela Justiça por suspeita de ter sido utlizado para lavar dinheiro para milícia. Foto reprodução
Na foto, um dos imóveis sequestrados pela Justiça por suspeita de ter sido utlizado para lavar dinheiro para milícia. Foto reprodução Foto: Agência O Globo

Com dois mandados de prisão contra ele, Tandera é, segundo o departamento, o real dono de duas das cinco mansões usadas pela milícia para lavar dinheiro do crime.

Os imóveis, em um condomínio de classe média em Seropédica, valem cerca de R$ 1,1 milhão cada. A estimativa da polícia é que Danilo arrecade, por mês, cerca de R$ 4 milhões com a venda de botijão gás, terraplanagem, segurança ilegal, além de exploração de sinal de TV a cabo clandestina e comercialização de cigarros contrabandeados.

Na foto Joias encontradas na casa de uma mulher ligada ao miliciano Zinho. Braceletes com iniciais dele LC. Foto Marcos Nunes
Na foto Joias encontradas na casa de uma mulher ligada ao miliciano Zinho. Braceletes com iniciais dele LC. Foto Marcos Nunes Foto: Agência O Globo

De acordo com as investigações, parte do dinheiro vai para Wellington da Silva Braga, o Ecko, chefe da milícia e um dos bandidos mais procurados do estado. O delegado Thiago Neves disse que o bando de Tandera atua em Seropédica e em outros pontos da Baixada, como o Bairro K-32, em Nova Iguaçu.

— Ele é o grande líder da milícia nesses locais. É extremamento violento. Faz questão de estar à frente de invasões em áreas dominadas por bandos rivais e anda sempre com fuzil e cheio de seguranças — disse o delegado Thiago Neves.

Na foto, policiais na porta d eum dos imóveis sequestrados pela Justiça. Foto reprodução
Na foto, policiais na porta d eum dos imóveis sequestrados pela Justiça. Foto reprodução Foto: Agência O Globo

O Olho da Tandera foi descoberto pela polícia em 21 de agosto de 2018. Na ocasião, cúmplices de Danilo Tandera trocaram tiros com policiais no Bairro K-32. Na ocasião, Washington Dutra Machado, o Xaropinho, foi morto no confronto. Em seu peito, os agentes notaram o símbolo dos gatos alienígenas tatuado.

Os agentes já confirmaram que um segundo homem tem a mesma marca de Danilo. A exemplo de chefe, ele também é considerado foragido da Justiça.

No último dia 6 de fevereiro, atendendo a um pedido do Departamento Geral de Combate à Corrupção, a 1ª vara Criminal de Santa Cruz determinou o sequestro de cinco imóveis da milícia, incluindo duas mansões em nome de pessoas ligadas a Danilo Tandera.

Os imóveis ficam no mesmo condomínio. Um tem sala, cozinha e banheiro na parte inferior e três quartos no pavimento superior. E ainda conta com quintal com piscina. O outro também tem cômodos nas partes superior e inferior, sendo que na primeira há um banheiro com porcelanato e hidromassagem. No quintal, há uma churrasqueira.

Apesar de terem sido sequestrados, todos continuam sendo ocupados por seus respectivos moradores. O destino das propriedades só será definido no fim do processo judicial.

Numa casa localizada no bairro do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, a polícia encontrou joias que seriam de Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, irmão de Ecko.

O imóvel estaria em nome de uma mulher, ligada ao homem encarregado de lavar o dinheiro da milícia. Uma das peças é um bracelete dourado, que tem o sobrenome Braga, o mesmo de Zinho, gravado com pequenas pedras brancas. As iniciais de Zinho estão presentes ainda em pelo menos outros pingentes.

Um deles deles traz as letras L e B e o segundo, em forma de argola, apenas a letra B. A Polícia encontrou e apreendeu na residência sete relógios, de diferentes modelos, e quatro correntes douradas, sendo pelo menos duas delas são de espessura grossa. Uma caminhonete blindada, ano 2017, que seria usada pela mulher ligada a Zinho, também foi apreendida. O veículo teve um pedido sequestro feito à Justiça.

O Disque-Denúncia (2253-1177) oferece recompensas por informações que levem até a prisão dos três milicianos. As informações sobre Ecko valem R$ 10 mil. Informações sobre o paredeiro de Zinho e Tandera valem mil reais por cada um.

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