DVDs com filmes baseados em obras de Graciliano Ramos são lançados na Flip

Três filmes baseados em obras do escritor Graciliano Ramos, o homenageado da décima primeira edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) serão lançados em DVD hoje (4), às 20h30, na Casa do Instituto Moreira Salles (IMS), no Centro Histórico da cidade, localizada no litoral sul fluminense. Os novos títulos da coleção do IMS são Vidas Secas (1963) e Memórias do Cárcere (1984), ambos dirigidos por Nelson Pereira dos Santos, e São Bernardo (1972), filme do cineasta Leon Hirszman.

Lançada no ano passado, a coleção de DVDs do IMS abrange documentários, filmes de ficção e registros de entrevistas, mesas de debates e conferências organizadas pelo instituto. “Buscamos filmes que sejam especialmente significativos pelo tema ou pela forma narrativa e que se destaquem na filmografia de determinados realizadores”, explicou o crítico cinematográfico José Carlos Avellar, curador da programção de cinema do IMS e responsável pela coleção. Cada DVD vem acompanhado de um livreto com uma análise crítica do filme.

O estilo literário e a personalidade de Graciliano Ramos foram destacados na conferência do escritor amazonense Milton Hatoum, que abriu na noite de ontem (3) a programação da Flip 2013. Segundo ele, o escritor alagoano tinha uma acentuada desconfiança em relação a tudo, inclusive às palavras. “A linguagem nítida e precisa traduz um esforço de estilo, mas talvez seja uma reação consciente à forte tradição da eloquência, da escrita pomposa e derramada, da qual ele sentia verdadeira ojeriza”, disse Hatoum, que definiu Graciliano Ramos como “um pessimista radical”.

Para o curador da Flip, Miguel Conde, o homenageado deste ano da festa literária sempre se preocupou com o sentido político de sua obra, “mas não fez dela um uso doutrinário ou panfletário”. Segundo Conde, Graciliano Ramos era muito desconfiado da mitificação da figura do escritor, “especialmente em uma sociedade como a brasileira, onde a cultura letrada muitas vezes também serve como símbolo da demarcação das diferenças sociais”.

O fato de a décima primeira edição da Flip coincidir com um momento político especial para o Brasil, com a atual onda de manifestações, também foi destacado pelo curador do evento. “Desde que a Flip foi criada, em 2003, ela combina celebração e reflexão. Se este momento político traz pelo menos alguns motivos de alegria, ele também exige um esforço redobrado de pensamento”, disse Miguel Conde.

A onda de protestos levou a Flip a preparar uma programação extra para discutir o momento político. Serão três encontros na Tenda dos Autores, o primeiro deles às 21h30 desta quinta-feira, tendo como tema a cobertura dos protestos pelos diferentes segmentos da mídia, da grande imprensa às redes sociais. Os demais serão às 19h30 e às 21h30 de sábado (6). (Agência Brasil)

 

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