Economistas erram feio sobre previsão em 2013
Valor Econômico
Na visão do boletim Focus, do Banco Central, a realidade frustrou a expectativa em 2013. Em janeiro, os cerca de cem analistas e instituições financeiras consultados pela autoridade monetária previam que a economia brasileira e a produção industrial iriam crescer mais de 3%. O câmbio terminaria o ano abaixo de R$ 2,10 e a taxa Selic em 7,25%. A balança comercial, segundo o Focus, manteria o ritmo aquecido dos últimos anos e teria superávit de US$ 15 bilhões.
A maioria dessas projeções não se concretizou. “Houve mais inflação, menos crescimento, mais câmbio, tudo foi um pouco pior”, diz o economista-chefe da Votorantim Asset Management, Fernando Fix, instituição que integra a lista Top 5 do Focus – das que mais acertam projeções.
Quando o ano começou, o que se pensava era que, após um 2012 fraco, este seria um ano de crescimento ainda modesto e sem altas na Selic, já que o juro baixo era uma das principais bandeiras do governo Dilma Rousseff e o mercado questionava se havia ingerência política sobre as decisões do BC. Tudo mudou em maio, quando o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) sinalizou que poderia reduzir seu programa mensal de compra de títulos, enxugando a liquidez global.A partir daí, notícias relacionadas à economia dos EUA tornaram-se cruciais para o comportamento dos indicadores econômicos no Brasil: o dólar subiu em relação ao real, aumentando a pressão sobre a inflação – que já vinha alta com o choque de alimentos observado no início do ano (1,99% em janeiro, com alta de 26% no preço do tomate) e chegava a arranhar a popularidade de Dilma.
Outra projeção que passou longe do acerto foi a da balança comercial: o superávit deve terminar o ano próximo a US$ 1 bilhão, nas projeções atuais – previsão bem mais modesta que os US$ 15 bilhões estimados em janeiro. A economia global cresceu menos e a China desacelerou no primeiro semestre, mas a decepção que fez a diferença nas projeções foi a produção de petróleo no Brasil.No caso da Tendências, a previsão em janeiro era que o superávit comercial no ano chegasse a US$ 12,5 bilhões, com déficit de US$ 17,2 bilhões na balança de petróleo. A projeção mais recente da consultoria caiu para déficit de US$ 24,1 bilhões na conta-petróleo, o que levará a balança comercial a superávit próximo a zero.