Edith Pretty, a dona da propriedade que revelou um dos maiores ‘tesouros’ do Reino Unido

A história da viúva e da descoberta arqueológica feita em sua propriedade inspirou o filme “A Escavação”, da Netflix

Pintura de Edith Pretty
Pintura de Edith Pretty – Divulgação/ Museu Britânico

Edith Pretty era uma mulher à frente de seu tempo, e foi sua perspectiva diferenciada da vida que impulsionou uma das mais importantes descobertas arqueológicas já feitas no Reino Unido.

A história da viúva rica e do arqueólogo amador que contratou para escavar o próprio terreno serviu de inspiração para o filme “A Escavação”, que foi lançado recentemente pela Netflix.

Alguns dos tesouros encontrados na embarcação funerária de Sutton Hoo / Crédito: Divulgação/Flickr

 

Início da vida 

Edith nasceu em uma família abastada, e o dinheiro que seu pai conseguiu no ramo de fabricação de equipamentos destinados à indústria de gás financiou diversas viagens ao redor do mundo.

A Marie Claire explica que desde pequena a britânica teve a oportunidade de conhecer lugares e pessoas diferentes, tendo a oportunidade de visitar a Índia, o Egito, a Grécia, os Estados Unidos e vários outros países.

A trajetória da mulher da época costumava limitar-se ao ambiente doméstico, e ter o privilégio de quebrar esse padrão também permitiu a Edith construir uma visão de mundo ampla, o que sem dúvida influenciou suas decisões na vida adulta.

Outra curiosidade a respeito dela é que também houve uma escavação arqueológica na sua casa de infância, essa organizada por seu pai. Como resultado, foi descoberta uma abadia medieval na propriedade.

Fazendo história 

Pretty havia acabado de perder seu marido, o soldado Frank Pretty, quando decidiu contratar um arqueólogo local, chamado Basil Brown. Ela tinha então um filho pequeno, e possivelmente a solidão do luto a levou a refletir cada vez mais a respeito dos 18 montes no horizonte do terreno de Sutton Hoo, que havia herdado dos pais.

“Ela estava meio que presa por seu lugar na sociedade e por suas responsabilidades e por sua saúde frágil…mas essencialmente ela meio que teve uma visão de que havia algo naqueles montes que precisava ser descoberto, que havia algo embaixo deles”, declarou a atriz Carey Mulligan, que interpretou a figura histórica na produção da Netflix, em entrevista à revista Vogue.

Fotografia de Carey Mulligan no papel / Crédito: DIvulgação/ Netflix

“Achei isso incrível, porque era alguém que claramente queria recuperar aquela parte de sua vida que teve quando era mais jovem, uma espécie de aventureira, viajante e descobridora.”, acrescentou ainda.

No fim, o instinto de Edith mostrou-se correto, e foram descobertos uma imensa embarcação anglo-saxônica repleta de artefatos valiosos.

Peculiar 

A viúva teve a chance de ficar com as relíquias para si, uma vez que elas foram consideradas parte de sua propriedade, contudo, optou por doar todas para o Museu Britânico.

A doação foi tão generosa que o próprio primeiro-ministro da Inglaterra na época, Winston Churchill, tentou recompensar Pretty por sua imensa contribuição à coleção do museu nacional.

A escavação em andamento (à esq.) e o principal tesouro encontrado (à dir.) / Crédito: Divulgação/Museu Britânico 

A viúva, entretanto, não achou necessário que fosse premiada de qualquer forma por seu gesto. Seu único pedido foi que fosse dado crédito ao arqueólogo inicial a trabalhar na descoberta, Basil Brown, o que infelizmente não aconteceu. Com o fim da Segunda Guerra e a exposição dos itens no museu, o responsável pela rica descoberta acabou sendo deixado de lado.

“Lendo sua biografia, fiquei muito surpreso com ela. Ela era tão extraordinária. Ela, por exemplo, serviu como enfermeira voluntária na Primeira Guerra Mundial e morou em Paris por seis meses sozinha. Isso foi uma coisa revolucionária para uma mulher na época em que ela cresceu. Adorei a ideia de alguém com essa capacidade de aprender, estudar e se aventurar”, comentou ainda Mulligan na mesma entrevista à Vogue.

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