Educação: Uma base para as próximas gerações

Palácio do Campo das Princesas

Palácio do Campo das PrincesasFoto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Mesmo com resultados considerados positivos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), onde Pernambuco alcançou a meta de 4,0 pontos, ultrapassando a média nacional, que foi de 3,5, no ensino médio, e resultados significativos nos anos iniciais e finais do ensino fundamental, a área de educação ainda requer melhorias e investimentos. A taxa de analfabetismo no Estado é de 13%, segundo dados do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE). Mas, para combater esse cenário, entre os pontos citados pelos especialistas além da infraestrutura e garantia a Educação Básica de qualidade está a valorização do profissionais que atuam no segmento.

“Nós temos acompanhado essa questão do debate sobre a qualidade do ensino da educação pública. O sindicato vem discutindo as melhorias e que as escolas possam cumprir seu papel social. Só que há algumas dificuldades de ter concretamente avanços nesse sentido e a questão que precisa ser trabalhada é a ponta do sistema. Ou seja, a garantia de que a sala de aula tenha as condições propícias para ensino e aprendizagem possa acontecer”, declarou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo, ao comentar sobre os resultados do IDEB.

Em uma rede composta por um total de 36.547 professores – dado correspondente até dezembro de 2017 – a formação primária dos professores, segundo o presidente do sindicato, é um dos grandes gargalos a serem resolvidos pelo Estado. “Há uma debilidade no processo de formação inicial dos professores, que numa maneira geral deixa a desejar. É preciso que esse processo possa ser contínuo e a construção do saber na dinâmica do mundo hoje se renova muito rápido. Essa formação tem que ser consistente”, critica Melo.

No entanto, não são apenas questões salariais e de formação que compõem o que muitos especialistas chamam de “escolas saudáveis”. Professor de Mestrado em Educação da Universidade de Pernambuco (UPE), Karl Schurster, afirma que a grande problemática da educação brasileira é fazer essa conexão entre a valorização dos professores que estão em sala de aula com o apoio que de fato eles precisam.

“Isso não é uma tarefa fácil para uma estrutura que o Brasil possui e para um estado, como o nosso, que passou tantas décadas em franco descaso com a educação pública. Esse investimento em educação era sempre feito na capital. Sabemos que para fazer um modelo de educação funcional do Cais ao Sertão é muito mais complexo”, disse.

De acordo com a Secretária Estadual de Educação, entre os avanços já conquistados no setor, inclusive sendo apontado como um dos motivos que levou Pernambuco a ultrapassar a média nacional do Ideb, é o modelo de Escolas de Tempo Integral, em vigor desde 2008. Na última segunda-feira foi anunciada a ampliação dessa rede, que passará de 388 unidades para mais de 400 entre Escolas de Referência e Escolas Técnicas Estaduais. Um novo modelo de ensino em tempo integral também foi apresentado. São escolas que passarão a ofertar esse sistema para os Anos Finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio na mesma unidade.

“O problema é que se você não consegue fazer esse modelo ser universalizado no Estado, o que você cria são grandes assimetrias. Você tem alunos de escolas públicas que estudam em escolas de referência, e consequentemente acabam ganhando o adjetivo junto, de alunos referências. Mas e os outros? Onde ficam nesse processo?”, questiona o professor Schurster.

Para o especialista seria necessário que todas as escolas tivessem a mesma infraestrutura e que os incentivos dados a quem faz parte dessa rede referencial fosse ampliado para todos. “A escola é medida pela quantidade de alunos diferentes que ela recebe, de qualquer classe e qualquer característica social que esses estudantes possuem. Se ela conseguir alcançar os objetivos de vida profissional e pessoal que eles consideram que são bons, então ela cumpriu o papel dela.”, finaliza.

Raio-x da EducaçãoRaio-x da Educação – Crédito: arte/Folha de Pernambuco

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