Efetivado no Flamengo, Jayme ouve cornetada: ‘Deixaram empatar?’

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No Condomínio Novo Leblon, a bola rola toda quinta-feira há quase 30 anos. Na noite dessa quinta-feira, porém, um dia após ser efetivado como técnico do Flamengo para a sequência da temporada, Jayme de Almeida deixou de ser um mero participante para virar a estrela da noite. Pedidos de fotos de quem passava, abraços, agradecimentos e cornetadas. Jayme ouviu de tudo sem mudar seu jeito simples de ser.

– O que mudou mesmo foram as cornetadas. Fui no mercado cedo e a primeira frase que ouvi foi: “deixaram empatar?”. É mole? Um jogo difícil daquele e eu já levo esporro com um dia no comando do time. Faz parte, né? – lembrou Jayme, antes de soltar sua tradicional gargalhada.

Os amigos foram chegando aos poucos. E as histórias começaram a aparecer. Foi com a ajuda do amigo Johnson que Jayme instituiu a pelada das quintas-feiras no condomínio. Uma rotina da qual ele não abre mão, apesar do difícil desafio que aceitou abraçar na carreira.

O amigo Johnson (à direita) ajuda Jayme a organizar a pelada

 

– Eu só não venho aqui se estiver viajando. Eu encontro amigos, é uma tradição que vem há muito tempos. Aqui tem diversão, amizade, é um clima maravilhoso. E tem uma vantagem. Aqui eu não jogo, eu me exibo – diz, levando os amigos ao delírio.

– Eu conheço o Jayme desde quando a gente tinha cabelo. Ele merece isso que está vivendo agora. Fui ao Maracanã pela primeira vez depois da reforma só para torcer por ele – disse Johnson.

 

Em campo, o ex-zagueiro mostra a velha categoria

 

Em campo, o estilo de Jayme é o mesmo. Durante todo o jogo, nada de faltas ou chutões. Dos amigos, além do carinho, o treinador rubro-negro recebe a confiança para tirar o time da difícil situação no Brasileiro.

– Com o Jayme lá, o Flamengo vai subir. Ele conhece o clube, sabe trabalhar e é um exemplo de simplicidade – elogia Johnson.

Aos 60 anos, Jayme sabe que nem tudo é festa a partir de agora. Depois de rebeber o apoio de Zico, Adílio e outros ex-companheiros, incluindo Vanderlei Luxemburgo que ligou para o diretor de futebol Paulo Pelaipe incentivando a permanência do então interino, o agora efetivado treinador quer manter o hábito de se divertir com os amigos. Mas ele sabe que o trabalho que terá pela frente não será fácil. Apesar de todo o apoio, a preocupação, no momento, é não pensar no futuro.

– Não sou mais criança para me iludir com o cargo. Deixei de ser interino, sou efetivo agora, mas preciso de resultados também. Por isso não me empolgo. Vou até dezembro, sem me importar se continuo treinador depois ou não. Isso serve para todos os técnicos do Brasil – assegura.

 

Jayme (de pé, ao centro) e os amigos na pelada do condomínio

 

De tudo que viveu nos últimos dias, Jayme se emocionou ao chegar em casa na madrugada de ontem. Quando entrava em casa, o vizinho abriu a porta, deu os parabéns pelo empate e mandou um recado do neto, que mora na Bahia.

– O garoto vem para cá de férias e ligou lá da Bahia quando me viu em campo para dizer que ia torcer para o Flamengo por minha causa. E ele é tricolor. Esse tipo de incentivo marca qualquer profissional – lembrou, emocionado.

 

Jayme tira foto com fã: reconhecimento

 

Antes de voltar para casa, Jayme ouviu várias vezes a mesma frase dos amigos. “Vai dar tudo certo”. E respondeu a todos da mesma forma. “Deus te ouça”. Os rubro-negros dizem Amém. (Extra)

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