Em 1957 físico Bohr ganha prêmio Átomos pela Paz

Intelectual dinamarquês também é conhecido pelo Nobel de 1922 e por trabalho conjunto com Einstein
 
O físico dinamarquês Niels Henrick David Bohr, ganhador do Nobel de Física em 1922, é agraciado em 13 de março de 1957 com o prêmio Átomos pela Paz.

Os trabalhos de Niels Bohr contribuíram decisivamente para a compreensão da estrutura atômica e da física quântica.

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Licenciou-se na sua cidade natal, Copenhague, em 1911. Em1913, aplicando a teoria da quantificação dos eléctrons do modelo atômico de Rutheford, conseguiu interpretar algumas das propriedades das séries espectrais do hidrogênio e a estrutura do sistema periódico dos elementos. Formulou o princípio da correspondência e, em 1928, o da complementaridade.

Estudou ainda o modelo nuclear da gota líquida e, antes da descoberta do plutônio, previu a propriedade da cisão, análoga à do U-235.

Bohr nasceu em 7 de outubro de 1885 em Copenhague.  Seu pai, Christian Bohr, foi professor de fisiologia na Universidade de Copenhague e sua mãe, Ellen Adler Bohr, provinha de uma proeminente família judaica.   Seu irmão, Harald, matemático, fora jogador de futebol tendo atuado na seleção olímpica dinamarquesa. Niels também foi um apaixonado jogador e sua posição era no gol. Um dos filhos de Harald, Aage Niels Bohr, ganhou o Nobel de Física em 1975.

A tese de doutoramento de Bohr incidiu sobre as propriedades dos metais com a ajuda da teoria dos electrons, que ainda hoje é um clássico no campo da física. Nesta pesquisa, Bohr confrontou-se com as implicações da teoria quântica de Max Planck. No outono de 1911, Bohr mudou-se para Cambridge, Inglaterra, onde trabalhou sob orientação de Joseph Thomson.

Na primavera de 1912, Niels Bohr passou a trabalhar no laboratório do professor Ernest Rutheford, dedicando-se ao estudo da estrutura do átomo, baseado na descoberta por Rutheford do núcleo atômico.

De regresso à Dinamarca em 1913, procurou estender ao modelo atômico de Rutherford os conceitos quânticos de Planck. Acreditava que, utilizando a teoria quântica de Planck , seria possível criar um novo modelo atômico, capaz de explicar a forma como os elétrons absorvem e emitem energia radiante.

Em 1913, estudando o átomo de hidrogênio, Bohr formulou um novo modelo atômico, concluindo que o elétrón do átomo não emitia radiações enquanto permanecesse na mesma órbita, emitindo-as apenas quando em deslocamento de um nível de maior energia para outro de menor energia.

A teoria quântica permitiu-lhe formular esta concepção de modo mais preciso: a transição de uma órbita para a outra seria feita por saltos pois, ao absorver energia, o elétron saltaria para uma órbita mais externa(conceito quantum) e, ao emiti-la, passaria para outra mais interna (conceito fóton).

A publicação da teoria sobre a constituição do átomo teve enorme repercussão no mundo científico. Com apenas 28 anos de idade, Bohr era um físico famoso com uma brilhante carreira. Em 1922, a sua contribuição foi internacionalmente reconhecida quando recebeu o Nobel de Física. No mesmo ano, publicou “The Theory of Spectra and Atomic Constitution”.

Bohr dedicou-se também ao estudo do núcleo atômico. O modelo de núcleo em forma de “gota de água” revelou-se muito favorável para a interpretação do fenômeno da fissão do urânio, que abriu caminho para a utilização da energia nuclear. Bohr descobriu que, durante a fissão de um átomo de urânio, desprendia-se uma enorme quantidade de energia e reparou então que se tratava de uma nova fonte energética de elevadíssimas potencialidades. Bohr foi até Princeton, Nova Jersey, onde se encontrou com Albert Einstein e Enrico Fermi para discutir o problema.

Em 1933, aprofundou a teoria da fissão, evidenciando o papel fundamental do urânio 235. Estes estudos permitiram prever também a existência de um novo elemento, o plutônio. Em 1934, publicou “Atomic Theory and the Description of Nature”. Em janeiro de 1937, Bohr participou na Quinta Conferência de Física Teórica, em Washington, na qual defendeu que um núcleo atômico de massa instável era como uma gota de água que se rompe.

Um ano depois de se ter refugiado em Inglaterra, devido à ocupação nazista da Dinamarca, Bohr mudou-se para os Estados Unidos, onde ocupou o cargo de consultor do laboratório de energia atômica de Los Alamos.  Neste laboratório, alguns cientistas iniciavam a construção da bomba atômica.

Bohr, compreendendo o perigo que essa bomba poderia representar para a humanidade, dirigiu-se a Churchill e Roosevelt, tentando evitar a construção do projeto.

Contudo, em julho de 1945, a primeira bomba atômica experimental explodiu em Alamogordo. Em 6 de agosto, uma bomba atômica arrasou com Hiroshima. Três dias depois, foi a vez de Nagasaki.

Finda a guerra, Bohr regressou à Dinamarca, onde foi eleito presidente da Academia de Ciências. Apoiou intensamente a colaboração científica entre as nações. Em 1950, escreveu a “Carta Aberta” às Nações Unidas em defesa da preservação da paz, por ele considerada como condição indispensável para a liberdade de pensamento e de pesquisa. Ao mesmo tempo continuou dirigindo o Instituto de Física Teórica, um dos principais centros científicos do mundo. Em 1957, recebeu o Prêmio Átomos pela Paz.

Bohr morreu em 18 de Novembro de 1962, vítima de trombose, aos 77 anos.

Fonte: Ópera Mundi

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