Em cerca de seis horas, dois PMs são mortos no município do Rio
Um policial militar foi baleado e morto em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, na noite desta quinta-feira. Lotado no Batalhão do Recreio dos Bandeirantes, o 31º BPM, o sargento Emílio de Jesus Monteiro, de 47 anos, estava de folga e em seu veículo, no momento em que foi surpreendido por um assaltante. Na ação, que ocorreu por volta das 21h30m, o militar foi atingido e não resistiu aos ferimentos. O suspeito, identificado como Antonio Cesar Alves, de 41 anos, também foi ferido no peito. Este é o segundo policial militar morto em um intervalo de cerca de seis horas no município do Rio — no período da tarde, por volta das 15h, um PM baleado em Marechal Hermes, na Zona Norte.
Emílio estava de folga. Segundo informações de policiais militares, ele estava a serviço do aplicativo Uber, em frente a uma universidade, localizada na Rua Lemos, onde pegaria um passageiro. No local, ocorreu a tentativa de assalto e o sargento reagiu à ação do criminoso. O PM foi ferido pelo disparo na região da cabeça, conforme informaram alguns colegas de farda da vítima.
Já o assaltante, mesmo ferido — ele foi atingido no peito —, escapou do do local. Após atirar contra o PM e roubar a sua arma, o criminoso rendeu um morador da região que passava pelo local em um automóvel depois de ter buscado a filha adolescente no curso de inglês, e fez com que ele o levasse até o município de Mangaratiba, na Região Metropolitana do Rio.
— Fui buscar a minha filha no curso e passei perto desse fato, que eu nem sabia que havia ocorrido. Ela (a adolescente) saiu rapidamente do carro. Então, esse indivíduo me sequestrou e falou para que eu o levasse até Muriqui (que fica no município de Mangaratiba). Ele estava baleado no peito. Deixei o homem em um posto de gasolina na Rodovia Rio-Santos e, de lá, levaram ele — disse a testemunha levada pelo assaltante que, por questão de segurança, pediu para não ser identificada.
— Fiquei com medo, mas o ele disse que queria sair dali e ir até um hospital. Apontou a arma para me intimidar. Foram cerca de 35 quilômetros desse jeito. Depois que eu voltei de lá é que eu fiquei sabendo do que ele tinha feito.
Ainda de acordo com a testemunha, o assaltante, durante o trajeto, entrava em contato com parentes para que o resgatassem no posto de gasolina na rodovia. A Polícia Militar foi informada de que uma pessoa baleada, com as mesmas características que o suspeito, havia dado entrada no Hospital Central de Mangaratiba. Militares da corporação, então, saíram em busca do criminoso.
Na unidade, após ser encontrado, Antonio Cesar chegou a alegar para os policiais que havia sido ferido durante uma briga em um bar naquele mesmo município. Ele, ainda conforme informou a corporação, obteve ajuda da mulher para chegar até o hospital, onde chegou a passar por cirurgia.
Após as averiguações da polícia, foi constatado que o homem hospitalizado era o que tinha envolvimento na morte do policial, no crime que havia ocorrido horas antes. As duas armas — a do PM e que ele mesmo empunhava no momento do tiroteio em frente à universidade — foram apreendidas.
O caso está sob a investigação da Delegacia de Homicídios (DH) da capital. Durante a madrugada desta sexta-feira, a vítima sequestrada, assim como a mulher de Antonio Cesar, foram até a especializada para prestar depoimento. Horas antes, os agentes da Polícia Civil foram até o local do crime e realizaram a perícia.
Ainda conforme a PM, Antonio Cesar já havia sido preso e possui anotações criminais por crimes como homicídio, tráfico de drogas e assalto à mão armada. Ele segue preso sob custódio no hospital.
Em Santa Cruz, durante o fogo cruzado, moradores do bairro ficaram assustados com o tiroteio na região:
— Essa é a situação do Rio de Janeiro. Quem é contra a polícia não percebe que os caras são heróis e matam um leão por dia. Nosso estado está abandonado. Está assim agora, você chega em casa e tem um cara morto no seu portão. Triste isso. Chocante. — disse um morador do bairro de Santa Cruz.