Em cerca de seis horas, dois PMs são mortos no município do Rio

Arma de policial que chegou a ser roubada por assaltante foi recuperada
Arma de policial que chegou a ser roubada por assaltante foi recuperada Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
Rafael Nascimento

Um policial militar foi baleado e morto em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, na noite desta quinta-feira. Lotado no Batalhão do Recreio dos Bandeirantes, o 31º BPM, o sargento Emílio de Jesus Monteiro, de 47 anos, estava de folga e em seu veículo, no momento em que foi surpreendido por um assaltante. Na ação, que ocorreu por volta das 21h30m, o militar foi atingido e não resistiu aos ferimentos. O suspeito, identificado como Antonio Cesar Alves, de 41 anos, também foi ferido no peito. Este é o segundo policial militar morto em um intervalo de cerca de seis horas no município do Rio — no período da tarde, por volta das 15h, um PM baleado em Marechal Hermes, na Zona Norte.

Emílio estava de folga. Segundo informações de policiais militares, ele estava a serviço do aplicativo Uber, em frente a uma universidade, localizada na Rua Lemos, onde pegaria um passageiro. No local, ocorreu a tentativa de assalto e o sargento reagiu à ação do criminoso. O PM foi ferido pelo disparo na região da cabeça, conforme informaram alguns colegas de farda da vítima.

Já o assaltante, mesmo ferido — ele foi atingido no peito —, escapou do do local. Após atirar contra o PM e roubar a sua arma, o criminoso rendeu um morador da região que passava pelo local em um automóvel depois de ter buscado a filha adolescente no curso de inglês, e fez com que ele o levasse até o município de Mangaratiba, na Região Metropolitana do Rio.

Morador rendido por criminoso em Santa Cruz prestou depoimento na delegacia
Morador rendido por criminoso em Santa Cruz prestou depoimento na delegacia Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo

— Fui buscar a minha filha no curso e passei perto desse fato, que eu nem sabia que havia ocorrido. Ela (a adolescente) saiu rapidamente do carro. Então, esse indivíduo me sequestrou e falou para que eu o levasse até Muriqui (que fica no município de Mangaratiba). Ele estava baleado no peito. Deixei o homem em um posto de gasolina na Rodovia Rio-Santos e, de lá, levaram ele — disse a testemunha levada pelo assaltante que, por questão de segurança, pediu para não ser identificada.

— Fiquei com medo, mas o ele disse que queria sair dali e ir até um hospital. Apontou a arma para me intimidar. Foram cerca de 35 quilômetros desse jeito. Depois que eu voltei de lá é que eu fiquei sabendo do que ele tinha feito.

Ainda de acordo com a testemunha, o assaltante, durante o trajeto, entrava em contato com parentes para que o resgatassem no posto de gasolina na rodovia. A Polícia Militar foi informada de que uma pessoa baleada, com as mesmas características que o suspeito, havia dado entrada no Hospital Central de Mangaratiba. Militares da corporação, então, saíram em busca do criminoso.

Policiam foi morto em Santa Cruz, na Zona Oeste
Policiam foi morto em Santa Cruz, na Zona Oeste Foto: Reprodução

Na unidade, após ser encontrado, Antonio Cesar chegou a alegar para os policiais que havia sido ferido durante uma briga em um bar naquele mesmo município. Ele, ainda conforme informou a corporação, obteve ajuda da mulher para chegar até o hospital, onde chegou a passar por cirurgia.

Após as averiguações da polícia, foi constatado que o homem hospitalizado era o que tinha envolvimento na morte do policial, no crime que havia ocorrido horas antes. As duas armas — a do PM e que ele mesmo empunhava no momento do tiroteio em frente à universidade — foram apreendidas.

O caso está sob a investigação da Delegacia de Homicídios (DH) da capital. Durante a madrugada desta sexta-feira, a vítima sequestrada, assim como a mulher de Antonio Cesar, foram até a especializada para prestar depoimento. Horas antes, os agentes da Polícia Civil foram até o local do crime e realizaram a perícia.

Suspeito preso sob custódia em hospital
Suspeito preso sob custódia em hospital Foto: Divulgação

Ainda conforme a PM, Antonio Cesar já havia sido preso e possui anotações criminais por crimes como homicídio, tráfico de drogas e assalto à mão armada. Ele segue preso sob custódio no hospital.

Em Santa Cruz, durante o fogo cruzado, moradores do bairro ficaram assustados com o tiroteio na região:

— Essa é a situação do Rio de Janeiro. Quem é contra a polícia não percebe que os caras são heróis e matam um leão por dia. Nosso estado está abandonado. Está assim agora, você chega em casa e tem um cara morto no seu portão. Triste isso. Chocante. — disse um morador do bairro de Santa Cruz.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *