Em discurso, Gonzaga Patriota diz que “morte de Fidel desestabilizará as esquerdas”

Ação Popular (AP)

O deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE) fará discurso nesta segunda-feira (28) na tribuna da Câmara dos Deputados, em Brasília,  no qual faz uma análise política sobre os 49 anos em que Fidel Castro governou Cuba, e ainda ressalta a falta que o velho líder fará para as esquerdas de todos os países.

gonzaga patriota

Confira:  

Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

A MORTE DE FIDEL CASTRO DESESTABILIZARÁ AS ESQUERDAS

É com grande tristeza que registramos neste pronunciamento, o falecimento de Fidel Alejandro Castro Ruz, o qual, de logo, pedimos seja inserido nos anais desta Casa Legislativa.

Considerado por alguns uma lenda da esquerda latino-americana e, por outros, um ditador implacável, Fidel Castro morreu nesta sexta-feira dia 25 de novembro, aos 90 anos, deixando como legado, após quase cinco décadas de seu comando em Cuba, um dos últimos regimes comunistas do mundo.

Único nome ainda vivo dos grandes protagonistas da Guerra Fria, Fidel Castro encarnou o símbolo do desafio a Washington: o guerrilheiro de barba e uniforme verde oliva, que fez uma revolução socialista, marxista-leninista, a apenas 150 km do litoral dos Estados Unidos.

Fidel governou Cuba por 49 anos, mas continuou sendo o líder máximo e guia ideológico da revolução, mesmo quando, doente, delegou o poder a seu irmão, Raúl Castro, cinco anos mais novo, em 31 de julho de 2006.

No dia 01 de janeiro de 1959, Fidel Castro, à frente de 11 homens, derrotou o ditador Fulgêncio Batista, após 25 meses de luta nas montanhas de Sierra Maestra. Este dia foi o começo de uma era de polarização na América Latina.

Sob seu comando, Cuba participou do momento mais quente da Guerra Fria, converteu-se em santuário da esquerda, inspiração e sustentação de grupos armados que enfrentaram regimes de direita e sangrentas ditaduras, na época financiadas pelos Estados Unidos em seu afã de frear o avanço do comunismo.

Entretanto, as liberdades civis foram confiscadas. Sindicatos perderam o direito de realizar greves, jornais independentes foram fechados e instituições religiosas perseguidas. Castro removeu seus opositores com execuções e prisões, além do exílio forçado.

Centenas de milhares de cubanos fugiram do país ao longo das décadas, muitos seguindo para a Flórida, bastante próxima da costa da ilha. A maior saída ocorreu em 1980, quando o governo anunciou a autorização de saída, e 125 mil pessoas deixaram Cuba – 15 mil delas se jogaram ao mar amarradas e canoas, pneus e botes.

Em 1986, instituições de defesa dos direitos humanos realizaram em Paris o “Tribunal de Cuba”, onde ex-prisioneiros da ditadura deram seu testemunho. Entidades calculam que cerca de 12 mil pessoas morreram nas mãos do governo.

Fidel Castro dirigiu com pulso firme o destino dos cubanos, para uns, um pai insubstituível, para outros, com um orgulho messiânico. Em seu governo nasceram 70% dos 11,2 milhões de habitantes da ilha.

Seus opositores o viam como um ditador que acabou com as liberdades, submeteu os cubanos a penúrias econômicas e não admitiu a decadência. Mais de 1,5 milhão de pessoas partiram para o exílio, principalmente para Miami, nos Estados Unidos.

Mas, para seus seguidores, ele sempre foi um paradigma da justiça social e da solidariedade no Terceiro Mundo, elevando Cuba à potência mundial no esporte, com os níveis de saúde e educação mais elevados da América Latina.

De personalidade excepcional, complexa e esmagadora, para ele nada passava indiferente. Opositores na ilha e no exílio, incluindo alguns “fidelistas”, traçam um retrato contrastado: inteligente, ambicioso, audaz, voluntarioso, corajoso e autoritário.

Iniciou a revolução cubana aos 26 anos quando, com pouco mais de cem homens, tentou invadir, no dia 26 de julho de 1953, a segunda fortaleza militar da ilha, o quartel Moncada.

Sua famosa frase “A história me absolverá”, dita quando foi julgado por essa ação, mostrou o quanto compreendia do poder destas palavras. Foi um dos maiores oradores dos últimos 50 anos, famoso por seus discursos absurdamente infinitos.

Ficou exilado no México e retornou com 81 homens, entre eles o argentino Ernesto Che Guevara e seu irmão, em um desastroso desembarque no dia 2 de dezembro de 1956 para iniciar a guerra que derrotou Batista.

Sua história e a da revolução se confundem numa só. Sobreviveu a uma invasão da Baía dos Porcos, em 1961, à crise dos mísseis em 1962 e à desintegração da União Soviética. Sustentou militarmente e economicamente a ilha por mais de três décadas.

Onze homens da Casa Branca tentaram asfixiar o governo comunista por meio de um embargo econômico, vigente desde 1962, considerado “criminoso” por Havana e, segundo os opositores de Fidel, utilizado por ele como justificativa para o desastre da economia.

De acordo com as forças de segurança cubana foram 638 complôs orquestrados contra Fidel Castro, principalmente pela CIA.

Conspirador nato, teimoso e mestre na arte da estratégia, a emoção do risco foi o maior estímulo de sua vida. Em cada derrota via uma vitória disfarçada. Era um péssimo perdedor.

Praticou natação, basquetebol, beisebol, caça submarina e outros esportes. Disciplinado, em 1959 fumava em média uma caixa de charutos por dia, mas, no final de 1985 parou de fumar para combater o tabagismo em um país produtor de tabaco por excelência.

Homem de ação, leitor voraz dotado de uma memória invejável, conversador inveterado e inquieto, Fidel viveu em uma relativa austeridade.

Filho de latifundiário e empregada, Fidel Castro nasceu na aldeia de Birán, no dia 13 de agosto de 1926, terceiro dos sete filhos do imigrante espanhol Angel Castro e da camponesa cubana Lina Ruz. Sua mãe trabalhava para a mulher de seu pai, um bem sucedido latifundiário.

Ele foi educado e disciplinado desde pequeno por jesuítas, mas moldou sua rebeldia inata na Universidade de Havana, onde se graduou em direito, em 1950.

Quando Fidel Castro era adolescente, seu pai se separou da primeira mulher e assumiu a família com a mãe de Fidel, Lina Ruz Gonzalez, com quem teve outros cinco filhos. Nesta época, Fidel foi assumido oficialmente pelo pai e recebeu o nome de Fidel Alejandro Castro Ruz.

Apesar de não ter sido registrado pelo pai na infância, Fidel cresceu estudando em escolas particulares e em meio a um ambiente de riqueza bastante diferente da pobreza do povo cubano.

Quando jovem, Fidel Castro era mais interessado nos esportes do que nos estudos. Em 1945, o líder cubano entrou na Universidade de Havana, onde conheceu o nacionalismo político cubano, o anti-imperialismo e o socialismo, e se formou em direito em 1950.

Em 1948, Fidel viajou para a República Dominicana em uma expedição para tentar derrubar o ditador Rafael Trujillo, que foi fracassada. Ao voltar para a faculdade, ele se juntou ao Partido Ortodoxo, fundado para acabar com a corrupção no país.

No mesmo ano, Fidel Castro se casou com Mirta Diaz Balart, de uma rica família cubana. Eles tiveram apenas um filho, Fidelito. O casamento com Mirta acabou em 1955. Durante a união, ele teve um relacionamento com Naty Revuelta, com quem teve uma filha, Alina Fernández-Revuelta. Em 1993, ela fugiu da ilha se fazendo passar por uma turista espanhola. Alina pediu asilo nos Estados Unidos e passou a fazer fortes críticas a seu pai.

Com sua segunda mulher, Dalia Soto del Valle, Fidel teve outros cinco filhos homens, cujos nomes começam com a letra “A”: Alexis, Alexander, Alejandro, Antonio e Ángel.

Além da filha Alina, uma das irmãs de Fidel, Juanita Castro, também se mudou para os EUA, no início da década de 1960.

Durante o casamento com Mirta, Fidel Castro teve contato com as famílias ricas de Cuba e, se candidatou a um posto no parlamento. Entretanto, o golpe do general Fulgêncio Batista derrubou o governo da época e cancelou as eleições.

Junto com outros membros do Partido Ortodoxo, Fidel organizou uma insurreição. Em 26 de julho de 1953, cerca de 150 pessoas atacaram o quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em uma tentativa de derrubar Batista. O ataque falhou e Fidel foi capturado. Após julgamento, ele foi condenado a 15 anos de prisão. Entretanto, o incidente o tornou famoso no país.

Em 1955, Fidel foi anistiado, e fundou o movimento 26 de Julho, de oposição ao governo. Nessa época, ele se encontrou pela primeira vez com o revolucionário Ernesto ‘Che’ Guevara e se exilou no México.

Em 1957, junto com Che Guevara e mais 79 expedicionários chegaram a Cuba a bordo de um navio e tentou derrubar o presidente, mas foi surpreendido pelo Exército e derrotado. Fidel, seu irmão Raúl e Che conseguiram escapar e se refugiaram na Sierra Maestra, onde travaram combates com o governo.

Em 30 e 31 de dezembro de 1958, as vitórias revolucionárias assustaram Batista, que fugiu de Cuba e foi para a República Dominicana. Aos 32 anos, Fidel conseguiu o controle do país.

Um novo governo foi criado, e Fidel assumiu como primeiro-ministro em 1959, após a renúncia de Jose Miro Cardona. Nesta época, foram iniciadas as relações com a então União Soviética.

O líder passou então a sua reforma para o comunismo. Em 1960, Fidel nacionalizou a indústria açucareira de Cuba, sem pagar indenizações. Três anos depois ele estatizaria as fazendas, ampliando a reforma agrária.

Em 1961, o governo proclamou seu status socialista. Houve uma fuga em massa dos ricos do país para Miami, nos Estados Unidos, que rompem as relações diplomáticas com Cuba.

Em abril, Castro formalizou Cuba como um Estado Socialista. No dia seguinte, cerca de 1,3 mil exilados cubanos apoiados pela CIA atacaram a ilha pela Baía dos Porcos, em uma tentativa de derrubar o governo.

O ataque foi um fracasso – centenas de pessoas foram mortas e quase mil capturadas. Os EUA negaram seu envolvimento, mas revelaram que os exilados foram treinados pela CIA. Décadas depois, o país confirmou que a ação vinha sendo planejada desde 1959.

O incidente fez Castro consolidar seu poder. Em maio do mesmo ano, ele anunciou o fim das eleições democráticas no país e denunciou o imperialismo americano. Che Guevara assumiu o Ministério da Indústria.

Em 1962, os EUA ordenaram o bloqueio econômico total à ilha, isolando o regime, uma política que se seguiu até a atualidade.

Fidel Castro passou a intensificar sua relação com a União Soviética, aceitando financiamento e ajudas militares. Em outubro de 1962, o país concebeu a ideia de implantar misseis nucleares em Cuba, gerando uma crise com os EUA e quase uma guerra nuclear.

Dias depois, o premiê soviético concordou em remover os mísseis com o comprometimento americano de não invadir Cuba. Castro foi deixado de lado nas negociações.

Na noite de 31 de julho de 2006, Fidel Castro surpreendeu Cuba e o mundo com o anúncio de que cedia o poder ao irmão Raúl, em caráter provisório, depois de sofrer hemorragias. Foi a primeira vez que saiu do poder.

Sem revelar qual doença o afetava, Fidel admitiu que estivesse à beira da morte. Perdeu quase 20 quilos nos primeiros 34 dias de crise, passou por várias cirurgias e dependeu por muitos meses de cateteres.

Em dezembro de 2007, o comandante cubano já havia expressado em uma mensagem escrita que não estava aferrado ao poder, nem obstruiria a passagem das novas gerações, mas em janeiro foi eleito deputado e ficou tecnicamente habilitado para uma reeleição – o que não ocorreu.

Desde março de 2007, já afastado do cenário público, sendo visto apenas em vídeos e fotos, Fidel Castro se dedicava a escrever artigos para a imprensa sob o título de “Reflexões do Comandante-em-Chefe”.

Fidel Castro deixou o poder definitivamente em fevereiro de 2008. Em um texto publicado no jornal estatal “Granma”, ele anunciou sua renúncia.

Quando ficou doente em julho de 2006, manteve um regime de trabalho alucinante, ocupando-se do menor problema doméstico até o movimento mais calculado do xadrez político internacional. Contudo, um desmaio em 2001 e uma queda em 2004 acionaram os alarmes sobre sua saúde.

Fidel ergueu um muro entre sua vida pública e privada. São conhecidos oito filhos seus: seu primogênito ‘Fidelito’, do casamento com Mirta Díaz-Balart; Alina Fernández e Jorge Angel, de outras duas relações; Alejandro, Antonio, Alexis, Alex e Angel, com Delia Soto del Valle, sua parceira por décadas até sua morte.

Sempre foi um guerrilheiro, simbolizado por seu eterno traje verde oliva de Comandante-em-Chefe. “Jamais deixarei a política”, disse uma vez. Mas, depois das crises de saúde, no crepúsculo de sua vida passou a se dedicar a leitura e escrita, auto-intitulando-se “soldado das ideias”.

Na véspera da revolução disse aos seus companheiros: “Não viverei nem um dia a mais depois do dia de minha morte”.

No final do século passado, já superada a desintegração da União Soviética, ao voltar os olhos para esse canto do Caribe ocupado por Cuba, os observadores internacionais faziam uma pergunta obrigatória: como era possível que o regime castrista resistisse por tanto tempo? Hoje, com a morte de Fidel Castro aos 90 anos, a pergunta ganha um sentido ainda maior, assim como é intrigante a marca deixada na América Latina, pelo sistema que ele fundou.

Naquela época, se fazia frequentemente essa pergunta a numerosos especialistas nos dois lados do Atlântico. David Thomas, um diplomata britânico que serviu em Havana, ofereceu a resposta na forma de um ranking das razões para a sobrevivência do castrismo.

As análises procedentes da Pérfida Albion, de fato, não são confiáveis quando estão misturadas aos seus interesses particulares, mas, pelo contrário, quando o assunto não faz diferença para eles, convém prestar a devida atenção aos seus diagnósticos, pois geralmente acertam na mosca. Sirva de exemplo a grande escola de historiadores ingleses que ofereceram obras clássicas sobre a

Espanha, e os que se dedicaram a pedaços específicos da América Latina. Outro Thomas, sir Hugh, caso emblemático, é autor de livros de história até hoje insuperáveis sobre a Guerra Civil Espanhola e a história de Cuba. O embaixador Thomas respondeu com a seguinte lista: 1) A Revolução Cubana era, originalmente, made in Cuba, e não imposta pelos tanques soviéticos; em suma, um produto nativo; 2) A personalidade do líder, irrepetível, insubstituível, sem sucedâneo no panorama histórico latino-americano; 3) O papel dos EUA (e, dentro dos EUA, o contraproducente papel do exílio) em “ajudar” a revolução ao apresentar uma política errática durante quase 40 anos àquela altura (agora, quase 60); e 4) A contribuição do subsídio soviético em apenas três décadas. Note-se, por um lado, a importância concedida à culpa da política de Washington. Por outro, observe-se que, enquanto o rastro do papel soviético desapareceu completamente e é hoje um mero acidente histórico, rejeitado por milhões de cubanos, as duas razões primitivas da sobrevivência do castrismo continuam incólumes.

Portanto, o legado do castrismo no contexto latino-americano fica centrado num aspecto nacional e em outro pessoal. O regime vendeu magistralmente na América Latina a sublimação da construção de uma nacionalidade a partir de uma consciência antes frágil e confusa. Sua origem espanhola foi reforçada pela imigração, pelo impacto norte-americano e pelo substrato africano. Cimentava a mitificação dos necessários ingredientes autóctones que antes só haviam sido costurados por José Martí. Por outro lado, Castro explorou ao paroxismo o sentimento antiamericano, fazendo dele uma parte consubstancial da identidade nacional. O que o resto da América Latina nunca conseguiu fazer, pela distância em relação aos EUA ou justamente por sua excessiva proximidade (caso do México), o castrismo conseguiu. Os EUA, como parte indissociável da identidade nacional, se transformou em um transplante rejeitado.

Diante da imagem negativa dos Estados Unidos na América Latina durante o início do novo século, por culpa da lamentável política de George W. Bush, a herança da inimizade com Washington continuou plenamente vigente. A tocha erguida por Castro durante décadas também foi carregada por Hugo Chávez e seus seguidores. Mas, se este conseguiu imitá-lo no caminho populista, não conseguiu chegar à altura do líder cubano. Faltou-lhe capacidade, e

tempo. Como Fidel conseguiu esse status de superioridade, que só a história confirmará ou negará, sem que importem os abusos ditatoriais cometidos?

Além da contribuição das outras três razões da sobrevivência do regime, Castro obteve esta marca provavelmente insuperável porque soube fazer uma invejável leitura da história política e intelectual, não somente de Cuba como também do resto da América Latina, para preencher uma lacuna que nem sequer Bolívar foi capaz em seu labirinto pessoal. Castro assumiu como objetivo ser ao mesmo tempo o prócer fundador, o diagnosticador dos males de Cuba e da América Latina e o ideólogo que oferecia soluções. O melhor populista também foi um dublê de intelectual. Em vida, obteve algo aparentemente impossível: a identificação da sua pessoa não somente com o regime, mas também com o Estado e a nação cubanos. Insistindo na manipulação do pensamento de Martí (método que Chávez tentou com o Bolívar), chegou a substituí-lo.

A captura da personalidade nacional por parte de Castro foi tão asfixiante que não eram incomuns no exílio os comentários elogiosos, ou pelo menos o reconhecimento de sua genialidade em aproveitar as fragilidades do adversário. A menção ao seu nome era tão obsessiva que nunca surtiram efeito as recomendações para que se esquivasse a centralidade da sua atuação e sobre a conveniência de rebatê-la. Assim ele teria sido privado de uma das suas armas mais efetivas, com a qual justificava as carências do seu regime citando a perseguição norte-americana, centrada no embargo e numa política contraproducente, resultante das inclinações especiais do lobby do exílio.

Não será nada fácil assumir o lugar de Castro na América Latina, mas será comparativamente menos difícil se livrar da mitificação dos feitos da revolução. Por um lado, é possível que se gere uma tremenda pressão no sentido de não insistir na adaptação do chamado modelo cubano ortodoxo, erodido pelo estardalhaço das “vias chinesa vietnamita”. Mas será muito mais difícil substituir em médio prazo o vazio de referência pessoal deixado por seu desaparecimento.

Por outro lado, a ausência de Castro permitirá tanto aos Governos moderados como aos apoiadores incondicionais e os opositores desenhar uma política realista para Cuba, mais prática, que consiga um certo denominador comum (nada fácil) combinando

a necessidade da estabilidade e a segurança (sobretudo no entorno imediato do Caribe e México) e a consideração dos avanços reais da Revolução Cubana como modelo a adotar, levando seus custos devidamente em consideração.

Em suma, é possível que a história não chegue a absolvê-lo. Mas, na América Latina, será difícil esquecê-lo, embora se detecte um certo grau de alívio.

Um dos motivos pelos quais Fidel Castro se manteve durante tanto tempo no poder é a sua figura profundamente carismática. Desde o início da revolução, ele frequentou atividades populares, desde seus longos discursos em tribunas abertas até a participação em debates sobre temas variados na televisão. Fidel costumava frequentar ainda eventos esportivos e culturais, sempre protegido por um forte esquema de segurança.

Membro do Partido Ortodoxo (social-democrata) nos anos 1940 e no começo dos anos 1950, Fidel tinha ideias políticas nacionalistas, anti-imperialistas e reformistas.

Em dezembro de 1956, Fidel e outros 81 rebeldes, incluindo Ernesto Che Guevara, entraram em Cuba e se estabeleceram na Sierra Maestra, de onde lançaram uma guerrilha que derrubou Batista. Fidel assumiu como primeiro-ministro de 1959 a 1976 e presidente do governo e primeiro secretário do Partido Comunista desde 1976.

No poder, nacionalizou os setores do comércio e da indústria, realizou uma extensiva reforma agrária e expropriou negócios norte-americanos e grandes propriedades rurais. Seu governo logo foi tachado de autoritário e radical e Fidel passou a acumular críticas de grupos de defesa dos direitos humanos-principalmente quanto ao tratamento dado a presos políticos e dissidentes do regime.

Desde o triunfo da revolução, Cuba manteve relações estreitas com o bloco socialista, principalmente com a ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), o que o afastou dos EUA. Em 1961, Fidel declara Cuba Estado socialista. No mesmo ano, Washington corta relações diplomáticas com Cuba e inicia um embargo econômico ao país, que dura até hoje.

Concluímos este discurso, Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, lamentando a morte de Fidel Castro, porque mesmo afastado do governo de Cuba, ele representava o socialismo

mundial, agora sem ele, esse socialismo e as esquerdas do planeta enfraquecem muito.

Deputado GONZAGA PATRIOTA

PSB/PE

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