Em frente ao condomínio de Bolsonaro, eleitores do presidente rezam e choram após resultado

Por Madson Gama — Rio de Janeiro

Eleitores choram em frente ao condomínio Vivendas da Barra, após resultado da eleição

Eleitores choram em frente ao condomínio Vivendas da Barra, após resultado da eleição Alexandre Cassiano / Agência O Globo

A desolação e a incredulidade, pontuada por orações e demonstrações de fé tomaram conta dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro com o anúncio do resultado final do segundo turno das eleições, com a eleição de ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente. Concentrados em frente à residência de Bolsonaro no Rio, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, muitos caíram em prantos e alguns lançaram dúvidas sobre a lisura das urnas, indispostos a aceitarem o resultado.

Desde quando Lula assumiu a primeira posição na contagem dos votos, pouco antes das 19h, eles entraram numa corrente de oração pela vitória de Bolsonaro, acreditando na virada. Muitos ajoelharam em prece e outros gritavam “vai dar certo!”. Acreditando ainda na vitória, uma pastora subiu ao carro de som antes do resultado e disse:

— Se Deus abriu o Mar Vermelho, ele pode conceder essa vitória.

Houve também quem ameaçasse “ir a Brasília acabar com o STF e com o ministro Alexandre de Moraes”. No carro de som, antes de rezarem uma Pai Nosso e uma Ave Maria, iniciaram discursos contra o feminismo, o comunismo e o que chamam de “ideologia de gênero”. O questionamento do resultado foi recorrente.

— A gente não acredita nesse resultado, porque vemos muito apoio a Bolsonaro nas ruas. Foi fraude — afirmou, também sem provas — disse a esteticista Fernanda Lopes, de 33 anos.

De acordo com o colunista Lauro Jardim, derrotado, Bolsonaro não quer receber ninguém. Um dos mais importantes ministros do governo procurou o presidente por volta das 21h. Pelo telefone, o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, seu ajudante de ordens, informou que o chefe “subiu para o quarto” e “iria dormir”.

Ministros e deputados que tentaram visitá-lo neste domingo após o resultado das urnas foram informados de que o presidente não deseja ver ninguém neste momento, nem seus aliados mais próximos.

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