Em fuga, família real francesa é presa em Varennes

Família real inicialmente tinha se aliado à revolução; ao ser capturado, Luis XVI é obrigado a voltar a Paris e é acusado de “sublevação”
Na noite do dia 20 para o 21 de junho de 1791, uma berlinda – pequena carruagem de 4 rodas, vidraças laterais e suspensa por molas – pesadamente carregada se afasta de Paris. A bordo o rei Luis XVI, a rainha Maria Antonieta e seus dois filhos, mais Madame Elisabeth, irmã do rei, e a governanta das crianças.

Onze meses antes, o rei e seu povo celebravam juntos a Festa da Federação – comemorativa do primeiro aniversário da Queda da Bastilha, episódio considerado como ponto de partida da Revolução Francesa. A Revolução parecia ter se encerrado e a monarquia constitucional bem instalada. No entanto, as relações entre Luis XVI e os deputados da Assembleia Constituinte não tardariam em azedar face à política religiosa.

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Família real francesa chegou de volta a Partis no dia 23 de junho

O tribuno Mirabeau sugere ao rei que, no caso da colaboração com o governo revolucionário se tornar impossível, restaria a possibilidade de deixar Paris e comandar tropas favoráveis à sua causa e invadir a capital afim de dar cabo à Revolução.

O tribuno morre em 2 de abril de 1791. Em 18 de abril, os parisienses impedem Luis XVI de deixar o palácio real das Tulherias. Queria viajar a Saint-Cloud para lá festejar a Páscoa e receber a comunhão de um padre não sagrado.

Encorajado pelo conde sueco Axel de Fersen, decide pôr em prática o conselho de Mirabeau e chegar ao quartel-general do marquês de Bouillé, em Montmedy, perto da fronteira com Luxemburgo. Sabia que essas tropas eram fieis à monarquia.

Na manhã de 21 de junho, quando se constatou o desaparecimento do rei, foi dado o alerta geral e o marquês de La Fayette, comandante da Guarda Nacional, despacha mensagens em todas as direções ordenando a prisão dos fugitivos.

Entrementes, a carruagem real se atrasa demasiadamente em sua viagem. À noite chega a Sainte-Menehould, em Champagne, porém o destacamento de cavaleiros enviados pelo marquês de Bouillé para garantir sua proteção não estavam ensilhados.

Ao mesmo tempo, o filho do chefe dos Correios Drouet, autorizado pela municipalidade, salta sobre um cavalo e, tomando um atalho, adianta-se à carruagem e chega antes à provável parada seguinte, Varennes-en-Argonne. Ele alerta os habitantes e o procurador da comuna, o merceeiro Sauce. Quando a família real chega ao local, lhe é dada a voz de prisão e os membros são convidados a descer da viatura.

É noite. É dado o alarme. Os habitantes, ameaçadores, se reúnem em torno da casa do merceeiro onde estavam detidos os prisioneiros.

Em 23 de junho de manhã, a berlinda retoma o caminho para Paris, escoltada por três deputados. Entra na capital dois dias depois, em meio a um silêncio fúnebre, os curiosos sendo ordenados de não pronunciar uma palavra sequer.

O rei é levado de volta ao palácio real das Tulherias e colocado sob “vigilância do povo”. Tem todos os seus poderes provisoriamente suspensos. Por conveniência, a Assembleia qualifica a peripécia de Varennes como “sublevação” e não “fuga”. A confiança entre a monarquia e a Revolução estava irreversivelmente quebrada, ainda mais que se suspeitava de um pacto do soberano com o estrangeiro, ou seja, crime de traição à pátria.

Os republicanos iriam doravante alçar sua voz em favor da causa da República. A monarquia seria finalmente derrocada pelas manifestações de 10 de agosto de 1792.

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