Em protesto, dezenas de professores interditam a ponte Presidente Dutra contra Wagner
Thalita Bezerra – Ação Popular
Os Professores da Rede Estadual da Bahia continuam em greve em Juazeiro. A paralisação da educação ultrapassa 51 dias, sem solução por parte do Governo cujo Projeto de Lei 19.779/2012, foi aprovado pela Assembléia Legislativa e destrói com a carreira do professor baiano. A professora do Colégio Lomanto Junior, Leci Souza, diz que a decisão do governo é um total descaso e ao mesmo tempo uma grande decepção para a categoria.
“Estamos em um País que a ditadura já se foi e quando a gente vê que a maioria das escolas não tem estrutura nenhuma, muitas vezes nem encontramos carteiras, o aluno às vezes tem uma merenda precária, falta livros, mesmo as pessoas que não votaram no governo Wagner estão sem acreditar e admitir que nós estejamos passando por um momento desses, além de não aceitar a greve ele suspendeu o nosso pagamento, estamos em uma ditadura acirrada”.
Revoltada, a professora Leci disse que não esperava essa atitude do governador. “Infelizmente dentro do cenário político brasileiro existe político de todos os tipos e se formos analisar os discursos são os mesmos, eu não estou ‘decepcionada’, mas dele eu não esperava tanto porque o PT é o partido dos trabalhadores e eles sempre estiveram à frente dos movimentos”.
Já o diretor da APLB sindicato, Expedito Vasconcelos afirma que o governo Wagner insiste em dizer que não tem condições de dar o reajuste, através do seu preposto o secretário de educação Osvaldo Barreto.
“De educação esse secretário não entende é nada, vem com conversa que quer dar um reajuste de 6,5%, sendo que ele recebeu acima de 21%, se não respeitar os acordos e nem reajustes salariais a categoria não retornará a sala de aula e isso já coloca em risco o ano letivo e a responsabilidade de tudo é do governador”, critica o diretor.
Ele diz ainda que em Juazeiro mais de 90% das escolas estão paralisadas. “Apenas a escola do colégio militar e alguns professores que retornaram ao Colégio Modelo e Cecílio Mattos que estão juntando turmas para passar filmes, os alunos já estão indignados e dizendo que estão gastando passagem para assistir filmes e que não vale apenas sair de casa para assistir filmes”, conta.
Atualmente a APLB de Juazeiro representa os municípios de Sobradinho, Abaré, Curaçá, Senhor do Bonfim, Jaguarari e Campo Formoso. “A única escola que retornou dentre esses municípios foi à escola Maria José em Sobradinho, as demais estão 100% paradas”. Na ocasião, Expedido disse que a categoria decidiu interditar a ponte presidente Dutra para chamar a atenção do governador.
“Fizemos isso porque vai ter uma repercussão nacional e o governo vai acordar ou sair da posição que ocupa. Wagner só anda viajando para não enxergar que a Bahia está em greve, essa foi a formula que ele encontrou para se sair do problema, então está tudo escuro para ele”.
Por sua vez, a professora Antonieta Araújo parabenizou a equipe que está organizando o movimento grevista. “Na realidade já era hora da sociedade acordar porque educação não é responsabilidade somente dos professores e os nossos alunos estão sem aula por conta de um Governador que na sua intransigência se nega a cumprir acordo e sentar na mesa para negociar com a nossa categoria. É importante que toda sociedade se levante e reivindique”.
Insatisfeita, Antonieta disse que a categoria está vivenciando uma verdadeira queda de braço. “De um lado nós temos um governo intransigente, ditador, arrogante e prepotente que quer impor a sua vontade e do outro lado nos temos a nossa categoria batalhadora que está lutando até a morte para defender o direito da educação. Todos sabem que até agora Wagner não fez nada pela Bahia e nem pela educação, ele é um homem sem palavra e que não pode continuar no governo”.
Na oportunidade, a professora Antonieta fez alguns comparativos da greve em relação ao estado de Pernambuco. “Enquanto em Pernambuco cada aluno vai receber um tablet para estudar e acompanhar as suas aulas, na Bahia tem alunos que não receberam nem livros, em Pernambuco cada professor recebeu um notebook, na Bahia os professores trabalham com cuspe e pincel e se ele estiver acesso a internet na sua casa prepara as suas aulas, caso contrário ele vai para sala de aula utilizando somente esses recursos”, reclama.
“Em Pernambuco tem um data show por sala, na Bahia tem um data show para toda a escola, em Pernambuco as salas são climatizadas, na Bahia as salas com ventiladores e isso são quando tem, em Pernambuco existem carteiras para todos, na Bahia nem cadeira para os professores sentar, Pernambuco merenda de boa qualidade, na Bahia péssima qualidade, dentre outros”, criticou a professora.
Por outro lado, a senhora Cremilda Costa que é mãe de um dos alunos que estuda na rede estadual lamentou a situação. “As escolas já estão paradas há 51 dias, tem o dinheiro do Fundeb e não está sendo investida na educação, a maior renda do Fundeb é da Bahia. Precisamos de uma posição, os mandos e desmandos do governador estão chegando a todos os municípios, através das prefeituras e isso não pode ficar assim e todos nós sabemos que o governador não está honrando nenhum acordo, queremos respeito e que a situação se resolva o quanto antes”.
Solidário ao movimento, o vereador Theodomiro Mendes (PR) do município de Curaçá prestou apoiou aos professores.“É muito preocupante essa situação, já se passaram 51 dias de greve e todos sabem que estão comprometendo o ano letivo”.
“Não podemos acreditar em um governo que não cuida da educação, em Curaçá o movimento continua firme e os professores estão decididos a lutar pelo reajuste. Quero deixar o meu apoiou e dizer que estou aqui para ajudar no que for preciso”, concluiu.