Empresas abandonam obras da BR 235 em fase final de conclusão
Publicado em 08/07/2015
Ação Popular
A reportagem do AP recebeu denuncias de empresários e motoristas de que as empresas Paviservice e SVC abandonaram a conclusão dos serviços de pavimentação da BR 235 que interliga os municípios de Juazeiro a Uauá, numa distância de 126 km.
A reportagem se deslocou até o distrito de Bendegó, em Canudos, e viu de perto as precárias condições da BR, um ano depois de inaugurada cheia de buracos os trabalhos de tapa-buracos foram realizados para evitar mais acidentes durante o período junino em Uauá, mesmo assim, só taparam os buracos de grande extremidade. O treco foi inaugurado em 22 de fevereiro com a presença do ex-ministro das Cidades Mario Negromonte, citado na lista de denunciados da Procuradoria Geral da República na Operação Lava-Jato que hoje ocupa o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM). Ele estava acompanhado do ex-governador Jaques Wagner (PT).
“Há um ano foi concluída a primeira etapa de Uauá à Canudos, houve problemas técnicos na execução da obra a exemplo sistema de escoamento de água de chuvas em riachos o que causou desmoronamento de parte da pista através de enxurradas. Agora é o asfalto se desmanchando”, relata o agricultor José Luiz de Aquino.
Meses depois foram iniciados os serviços de pavimentação dos trechos de Uauá ao Distrito de Pinhões, em Juazeiro, e de Pinhões à sede do município de Juazeiro. A empresa SVC ficou responsável pela execução dos serviços de Uauá à Pinhões, pois a mesma concluiu a obra no inicio do mês de junho deste ano, cumprindo assim, o prazo estabelecido.
Já a outra empresa, Paviservice não obteve o mesmo êxito. As obras não foram concluídas e já causa preocupações aos agricultores, políticos, motoristas e passageiros. Na localidade de Lagoa do Boi os serviços de construção de duas pontes foram abandonados. O local parecia um cemitério abandonado, não existiam trabalhadores. O desvio construído pela empresa está em precárias condições, com buracos, pedras, e ainda causando perigo para quem passa a noite correndo risco de assalto. “É lamentável a obra parar faltando pouco para ser concluída. Isso é o resultado da enganação do Governo Federal quando afirmou que o recursos estaria assegurados e que as obras jamais iriam ser interrompidas durante este período de ajuste fiscal. Pelo jeito será travada outra briga entre os políticos da região e o governo para que a obra seja concluída”, relata o agricultor Jerônimo Dias de Souza.
O outro trecho constatado pela reportagem fica em frente ao canteiro de obras próximo a empresa Agrovale. Mesmo com os trabalhos de construção da ponte concluídos, a empresa não colocou o asfalto, sendo que no local já começa a aparecer buracos colocando em risco a vida de quem trafega.
Outro trecho que foi patrolado e não asfaltado fica ao lado do cercado de Agrovale. São aproximadamente 4 km. O local já começa a ter buracos devido ao grande volume do transito. Mais na frente, a ponte do Riacho Tourão se encontra na mesma situação de abandono.
Pelo visto o sonho do prefeito Isaac Carvalho (PCdoB), não será realizado. Ele solicitou ao DNIT expansão da pavimentação asfáltica até o contorno do Mercado do Produtor, e pelo visto, a empresa responsável pelo trabalho não concluirá o final do trecho no bairro Itaberaba.
A reportagem não pode entrar em contato com a direção de nenhuma das empresas, pois as mesmas não podem se manifestar sobre o fato. Hoje existem apenas poucos funcionários construindo meio fio nas laterais da pista para escoar água de chuva e serviços de sinalização. Foi construído pelas duas empresas 96% da obra, o restante não tem previsão para ser concluído, mesmo assim os poucos funcionários que restam ameaçam entrar em greve devido ao atraso de salários.
Quase todas as máquinas pesadas já foram retiradas dos canteiros de obras. Uma das empresas ganhou licitação para executar obras em Juazeiro, sendo que parte do maquinário foi direcionado ao município. “Chegou a hora dos políticos da região e da Bahia mostrarem força para forçar o Governo possa concluir esta obra, porque seria difícil suportar ver o Governo Federal liberar recursos para outras regiões com obras de menos intensidade e aqui ficar nestas nestas condições”, conclama o professor Valmir Ferreira.
Há mais de ano que o Governo Federal vem maltratando as empresas em não repassar os pagamentos. Outras obras estão paradas no país a exemplo da Transnordestina e Transposição do São Francisco. As denuncias de corrupção e formação de quadrilha praticadas durante o Governo do PT tem levado para a cadeia importantes chefes de quadrilhas.