O Rio já se despediu da Olimpíada, passando a vez para Tóquio, no Japão. Mas uma personalidade, também da Ásia, não passou batido. A nadadora chinesa Fu Yuanhui — que já tinha ganhado as redes sociais ao perceber, durante uma entrevista, que tinha ganhado a medalha de bronze — quebrou o tabu ao dizer que sua menstruação prejudicou a performance na piscina, garantindo a ela e a sua equipe o quarto lugar. “Me senti especialmente cansada”, disse a atleta. Médicos explicam que sua justificativa não é desculpa.
— A menstruação num período de Olimpíada, em que frações de segundos decidem a competição, pode ser um problema. A mulher sofre com alteração de humor, retenção de líquido, cólica e até anemia, quando o fluxo é intenso. Isso pode prejudicar a energia — explica Pedro Assed, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Para José Bento, ginecologista e obstetra dos hospitais Albert Einstein e São Luiz, em São Paulo, o importante é respeitar os limites do corpo, que são individuais. O médico sugere, ainda, algumas atividades para períodos mais críticos do ciclo menstrual.
— Se durante a TPM ela estiver menos disposta, pode fazer ioga, pilates, exercícios de menor impacto. E, durante a menstruação, que ela sofre com cólicas e com sangramento, algo que não mexa muito com o intestino, como caminhada e musculação leve.
Exercício alivia dores menstruais
O exercício, porém, também é um aliado das mulheres que sofrem com as consequências da TPM, com cólicas e dores de cabeça, por exemplo. Sua prática faz com que o corpo produza endorfina, que é um “analgésico natural”.
— A endorfina produz bem-estar natural. Ela pode ser adquirida através da da atividade física ou pela ingestão de doces, por isso a mulher na TPM costuma procurar sempre um chocolate — explica José Bento.
O médico Pedro Assed dá outra razão: mulheres com índice de massa magra maior, isto é, com menor percentual de gordura, tendem a ter menos cólica menstrual e fluxos regulares e de menor intensidade.
Como o ciclo menstrual age no corpo
PRÉ-MENSTRUAL: Depois que a mulher ovula, o estrogênio cai e a progesterona aumenta. Ela pode ficar mais inchada, com tendência a depressão, sentindo-se cansada e com dores, principalmente na mama e na área abdominal.
MENSTRUAÇÃO: Os hormônios progesterona e estrogênio estão baixos. Ela sente-se melhor, mas o sangramento pode atrapalhar o desempenho. Nesse período, aumenta a quantidade de prostaglandina, substância que traz a cólica, já que contrai o útero para parar o sangramento. Essa mesma substância aumenta o peristaltismo intestinal, por isso a mulher vai mais ao banheiro para evacuar e pode ter náuseas.
PÓS-MENSTRUAL: O estrogênio começa a aumentar. Esse período, que antecede a ovulação, é o que elas se sentem mais fortes. “Se vai bater algum recorde, nessa fase terá mais chances”, diz o médico José Bento. São dez dias de muita energia, capacidade fisiológica e velocidade.
Outras dicas para as mulheres
MELHOR EXERCÍCIO — Para diminuir as consequências da TPM, dê preferência a exercícios aeróbicos, que aumentem frequência cardíaca.
CARTELAS SEGUIDAS — Os dois médicos dizem que, se a mulher quiser evitar menstruar, pode emendar cartelas de anticoncepcional — segundo eles, não há consequências para a saúde.
INTERROMPIDA — Atletas de alto rendimento tendem a não menstruar, devido a seu baixo percentual de gordura, já que os hormônios precisam de esteres de colesterol. “A hipófise vai entender que, se a mulher está com privação de gordura, não pode perder sangue”, diz Pedro.
Fonte: Extra