Esquerda identitária ataca Randolfe, após ele criticar a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris
Enquanto isso, a extrema-direita comemora uma guerra cultural que deve favorecer nomes como Michelle Bolsonaro e Damares Alves em 2026
Guerras culturais, como a deflagrada pela França na abertura dos Jogos Olímpicos, são instrumentos do neoliberalismo para manter sua hegemonia por meio da divisão social e do diversionismo. Por isso mesmo, políticos mais sensatos da esquerda brasileira, como o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), criticaram a cena. Numa postagem no X, ele afirmou que a encenação da Santa Ceia foi a “bola fora” da abertura – curiosamente, um dos participantes da encenação apareceu com seus testículos aparentes.
O post de Randolfe, no entanto, deflagrou uma reação imediata da esquerda identitária, que passou a atacar o político do PT, em várias postagens:
No campo da direita, a encenação da Santa Ceia é vista como uma oportunidade para ampliar a polarização contra uma esquerda que seria supostamente diabólica e distanciada da “família” e “dos valores cristãos”. Esta polarização serve aos interesses desta extrema-direita, porque favorece figuras como Michelle Bolsonaro, potencial candidata à presidente em 2026, e de Damares Alves, que tem cacife para disputar o governo do Distrito Federal. E tanto Damares como Michelle servem ao projeto neoliberal, que transfere riquezas da sociedade e dos mais pobres para os grandes bilionários do Brasil e do mundo.
Entenda como a guerra cultural serve aos interesses da extrema-direita
A guerra cultural favorece a extrema-direita porque acentua divisões entre grupos sociais e ideológicos, permitindo que essa corrente política se posicione como defensora de identidades ameaçadas por mudanças culturais. As rápidas transformações em normas sociais, como questões de gênero e imigração, geram medo e incerteza, sentimentos que a extrema-direita explora para prometer a restauração de valores tradicionais.
Além disso, a extrema-direita usa narrativas simples e apelos emocionais para atrair seguidores, muitas vezes enquadrando a questão como uma luta de “nós contra eles”. O uso eficaz de mídias sociais e desinformação ajuda a disseminar essas narrativas, criando bolhas informacionais que reforçam crenças e medos.
O ressentimento econômico e social também desempenha um papel importante, pois indivíduos marginalizados podem culpar minorias ou elites liberais por seus problemas, sendo atraídos pelas soluções propostas pela extrema-direita. Movimentos progressistas que desafiam estruturas de poder estabelecidas são vistos como ameaças, e a extrema-direita se posiciona como defensora do status quo e das tradições.
Finalmente, em tempos de crise cultural percebida, a extrema-direita legitima soluções autoritárias como necessárias para restaurar a ordem, promovendo leis que limitam liberdades civis e reprimindo dissidentes. Esses fatores criam um ambiente propício para o crescimento da extrema-direita, que capitaliza as ansiedades e tensões geradas por mudanças culturais e sociais.
Guerras culturais são também financiadas por bilionários
As guerras culturais são frequentemente financiadas por bilionários que têm interesses em promover certas agendas políticas e sociais. Esses financiadores usam sua riqueza e influência para apoiar organizações, campanhas e plataformas que amplificam suas visões ideológicas.
Os bilionários muitas vezes criam ou financiam think tanks e institutos de pesquisa que produzem estudos, artigos e relatórios que apoiam suas visões. Esses think tanks influenciam políticas públicas e debates culturais, moldando a opinião pública de acordo com os interesses dos financiadores.