EUA recomendam mamografia a partir dos 50 anos
Mulheres 50 anos ou mais devem fazer uma mamografia para detectar o câncer de mama a cada dois anos, enquanto as mulheres na faixa dos 40 devem decidir com seus médicos – é o que recomendam as Orientações de Saúde dos Estados Unidos, publicadas nesta segunda-feira (11).
As mais recentes recomendações da Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos lançaram uma nova controvérsia sobre o que é melhor para as mulheres, que não muito tempo atrás foram instadas a fazer uma mamografia a cada ano a partir de 40 anos de idade.
As diretrizes são baseadas em resultados de seis equipes de investigação independentes, que trabalharam “modelos de simulação para analisar 10 diferentes estratégias de rastreamento digital do câncer de mama para a população feminina de médio risco dos Estados Unidos”, disse uma descrição do trabalho na revista Annals of Internal Medicine.
A nova orientação representa os mais recentes dados científicos sobre os potenciais efeitos nocivos – tais como diagnóstico excessivo, falsos-positivos e biópsias benignas – de rastreio utilizando a mamografia digital.
Também leva em conta o conhecimento sobre os subtipos moleculares de câncer, bem como a forma como a densidade do seio representa um risco.
“A mamografia de rastreio de dois em dois anos para as mulheres de risco médio idades 50-74 oferece um equilíbrio favorável de custo-benefício”, recomendaram as diretrizes.
No entanto, Jeanne Mandelblatt, do Georgetown Lombardi Comprehensive Cancer Center, advertiu que “é importante lembrar que nenhum de nós é a mulher ‘média'” e que o histórico familiar e outros fatores de risco devem ser considerados.
“O fato é que a mamografia salva vidas”, acrescentou.
“Quando começar a fazer mamografia e com qual frequência fazê-la é uma decisão pessoal. Nenhum modelo pode fornecer essas respostas”.
– Preocupação dos especialistas –
Alguns especialistas que não participaram do estudo elevaram o alerta sobre a forma como as mulheres mais jovens iriam interpretar as orientações, e do potencial de que menos mulheres realizem os exames.
“Embora as novas diretrizes ainda orientem as mulheres na faixa dos 40 anos a realizar mamografia, também sugerem que as mamografias não são necessários”, criticou Stephanie Bernik, chefe de oncologia cirúrgica no Hospital Lenox Hill em Nova York.
“Infelizmente muitas mulheres vão tomar isso como um sinal de que as mamografias não são benéficas”.
Segundo Nina Vincoff, chefe do departamento de imagem das mamas do hospital Northwell Health, a mamografia “não é perfeita”, mas disse que as mulheres na casa dos 40 não devem fazer pouco caso da relevância do exame.
“Elas também concluíram que fazer a mamografia aos 40 salva mais vidas do que começar a fazer a partir dos 50”, disse Vincoff, que assim como Bernik não participou da pesquisa.
“As mulheres precisam entender que quanto mais tarde elas começarem a fazer mamografias, maior é o risco de descobrir um câncer num estágio avançado, o que pode necessitar um tratamento mais invasivo ou até mesmo não ter mais cura”.
As últimas orientações vêm na esteira das recomendações da American Cancer Society emitidas em outubro de 2015, que exortou as mulheres a esperarem até a idade de 45 anos antes de começar uma mamografia anual para detectar o câncer de mama.
Antes, a American Cancer Society recomendava que as mulheres fizessem uma mamografia anual a partir de 40 anos de idade, mas disse que mudou seu conselho porque não há evidência suficiente de que mais vidas eram salvas. (AFP)