Ex-diretor do BB monta dossiê com dados desde 2002
O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato levou para a Itália, ao fugir do Brasil, informações detalhadas e documentadas sobre sua participação na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, na qual sua tarefa era fazer contatos com o empresariado.
Conselheiro, à época, do Previ, poderoso fundo de pensões e aposentadorias do Banco do Brasil, o hoje foragido da Justiça brasileira havia recebido da direção da campanha de Lula a missão de articular a agenda empresarial do candidato em sua quarta campanha. Usou, então, seus contatos no meio empresarial para ser bem-sucedido.
Foi nessa tarefa que Pizzolato articulou encontros de Lula com gigantes empresariais, como representantes da Embraer, da Gerdau e da Perdigão.
Também criou um “kit vip”, uma caixa com uma estrela dourada do PT e um DVD, entre outras coisas, que foi enviado a líderes empresariais brasileiros.
Seu alvo eram 5 mil empresários nacionais aos quais a candidatura seria apresentada pelo mimo. A caixa teria gerado, segundo contam petistas, ciúme da equipe de marketing de Duda Mendonça, que não teria gostado da “invasão” de sua área.
A documentação, organizada ao longo de meses e guardada em pen drive, divide-se em nove partes, todas com documentos que, segundo o ex-diretor do Banco do Brasil, comprovam a sua inocência. Os outros oito pontos são: a diretoria de Marketing do BB; a CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2005; a construção da denúncia; a aceitação da denúncia pelo STF; o julgamento em agosto de 2012; os embargos de declaração; o inquérito 2.474 do STF (que contém outras investigações da Polícia Federal sobre o mensalão) e que foi aberto para apurar denúncias contra o Banco Rural; o processo paralelo na 12.ª Vara Federal em Brasília.
A estratégia de Pizzolato é forçar a realização de um julgamento na Itália, para tentar, segundo pessoas próximas a ele, “desmascarar” o processo realizado no Brasil, que, diz, foi contaminado por pressões políticas.
Credibilidade. A ideia do ex-diretor do Banco do Brasil é que, se vier a ser inocentado pela Justiça italiana, o caso no Brasil sofrerá um abalo de credibilidade. O dossiê de quase mil páginas está sendo preparado, e o condenado promete apresentar provas supostamente “inéditas” de que seria inocente.
Pizzolato pretenderia alegar que o ministro e relator Joaquim Barbosa manteve um processo paralelo ao original, sob segredo de Justiça e ao qual ele teve acesso negado. Outro argumento é que documentos inteiros do processo teriam sido “forjados”. Um desses documentos “mentirosos” seria uma carta do ex-presidente da Visanet, Antonio Luiz Rios, enviada à PF em fevereiro de 2006.
Fonte: Estado de S. Paulo