Exercício militar naval com Rússia é uma ação de soberania e defesa, afirma analista

A flotilha russa foi recebida por representantes do Alto Comando da Armada da Venezuela e da embaixada do país euroasiático

Flotilha russa chega à Venezuela
Flotilha russa chega à Venezuela (Foto: Sputnik)

Sputnik – No porto venezuelano de La Guaira, realizou-se em 2 de julho a cerimônia de boas-vindas a um destacamento de navios da Frota do Norte da Armada da Rússia, composto pela fragata Almirante Gorshkov e o petroleiro Akademik Pashin.

A flotilha foi recebida por representantes do Alto Comando da Armada da Venezuela e da embaixada do país euroasiático.

O gesto da Federação Russa de escolher o país sul-americano como parte de seu percurso marítimo pelo hemisfério “reafirma os laços de cooperação estratégica” entre Moscou e Caracas, afirmou à Sputnik Wilmer Armando Depablos, advogado, ex-diplomata e analista internacional.

“Deixa entrever os vínculos históricos entre ambas as nações, que se consolidaram com a chegada do comandante Hugo Chávez e que foram fortalecidos nesta última década pelo presidente Nicolás Maduro Moros”, sublinhou o especialista.

Segundo ele, a chegada dos navios russos a águas venezuelanas deve ser entendida em um contexto geopolítico amplo que tem a ameaça e coerção exercidas pelos Estados Unidos como principal vetor de importância.

“No exercício pleno de nossa soberania e defesa de nosso território, conscientes de que a Venezuela representa as maiores reservas de petróleo do mundo e a Rússia as maiores reservas de gás, não há possibilidade alguma de dissipar esta irmandade que une os dois maiores reservatórios de energia do mundo. Não é possível excluir da equação energética mundial a aliança da Rússia e Venezuela”, expõe Depablos.

Na consideração do analista internacional, esse tipo de atividades de intercâmbio e cooperação militar são de longa data e fazem parte das tradicionais “alianças que caracterizam a Rússia na região”.

“Cuba, Nicarágua e Venezuela são aliados estratégicos na América Central e no Caribe, em virtude da ameaça evidente que constitui o hegemon norte-americano com suas bases no Caribe e as recentemente estabelecidas em solo guianense, além de seus centros de inteligência da CIA. Isso é especialmente relevante quando consideramos que eles converteram toda a Colômbia em uma base militar do Comando Sul e da OTAN”, afirma Depablos.

Para o especialista internacional, as declarações da chefe do Comando Sul, Laura Richardson, “alertando” sobre a presença da Rússia na região, ao mesmo tempo em que chama a “vigiar os recursos energéticos” dos países sul-americanos, fornecem mais argumentos em favor de continuar avançando em iniciativas como as que estão sendo realizadas atualmente na Venezuela.

“Hoje, quando o presidente Nicolás Maduro acaba de anunciar o reinício do diálogo com os Estados Unidos, Washington começa a reconhecer a vitória inevitável nas próximas eleições presidenciais. Estamos obrigados a consolidar as alianças estratégicas com a Rússia como uma das primeiras potências militares, e não confiar no governo dos Estados Unidos, que sempre demonstrou seu duplo padrão sem se envergonhar”, expressou o especialista internacional.

A visita da flotilha da Marinha de Guerra da Rússia também incluiu atividades protocolares e culturais. Os representantes da Armada venezuelana, os militares russos e os diplomatas prestaram homenagens ao libertador Simón Bolívar na praça Bolívar Chávez de La Guaira. O prefeito do município de Vargas, Coronel José Manuel Suárez, aproveitou a oportunidade para entregar a chave da cidade ao capitão de navio Alexandr Bóichenko.

Está previsto que a tripulação participe no desfile cívico-militar de 5 de julho em comemoração à independência da Venezuela e que a flotilha permaneça na nação sul-americana até 6 de julho.

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