Exportação de uvas do Vale deve subir 15%

No que se refere à venda de mangas para o mercado externo, expectativa de aumento é de 7%

 Raquel Freitas

Em 2015, cerca de 185 mil toneladas de frutas, entre mangas e uvas, devem ser comercializadas

A exportação de frutas no Vale do São Francisco deve ter incremento em 2015. Diferentemente do ano passado, quando os produtores de uva optaram por investir mais no mercado interno em função do “bom” momento econômico, neste ano, os produtores vão voltar a direcionar suas forças para o mercado internacional. A justificativa se deve à valorização do câmbio e a recessão econômica brasileira, que tem fechado o apetite dos compradores de uva de alto custo. A expectativa, contudo, é de que a safra chegue a 185 mil toneladas de frutas comercializadas – entre mangas e uvas – até o final do ano. O resultado é 15% superior ao registrado em 2014.

No detalhamento, de acordo com o gerente-executivo da Associação dos Exportadores Hortigrangeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), Tássio Lustoza, a comercialização de manga para fora do País terá elevação de 7%, comparada a do ano passado. Anualmente, o País exporta 124 mil toneladas da fruta para Europa e América do Norte. “Esses resultados começam a ser conquistados a partir de agora, quando a janela comercial se abre em relação aos destinos”, analisou Lustoza, acrescentando ainda que é nesta época do ano em que o México – maior concorrente logístico do Brasil – sai de cena.

Não é só o México que a assusta os brasileiros, o Equador também é um forte concorrente no que diz respeito às vendas externas com menor custo de produção. No entanto, ele só entra no páreo a partir do próximo mês. O Vale do São Francisco é a maior região produtora de manga do País.

Outra “benesse” para os produtores locais é a valorização do dólar. “Tem ajudado bastante e essa condição é favorável à exportação. No entanto, sentimos um acréscimo no custo de produção uma vez que parte do insumo é cotada em dólar. Mas, em geral, existe um ganho real para o exportador”, analisou. Lustoza chama atenção também para liberação da comercialização da manga de 900 gramas para os Estados Unidos (EUA), fator preponderante para alavancar as vendas para as terras do Tio Sam.

Em junho passado, os EUA deram o aval ao Brasil para exportar a fruta com esse peso. Antes, segundo o Ministério da Agricultura americano, o USDA, a outorga servia apenas para as frutas que pesavam até 650 gramas. Segundo a Valexport, 75% da nossa manga vai para Europa e 21% para a América do Norte, enquanto que a diferença fica entre América do Sul, África e Ásia. No caso da uva, o gerente-executivo explica que o mercado europeu é atrativo durante todo o ano.

“Porém, o que acontece é que temos um período chuvoso (durante o primeiro semestre) em que evita-se produzir uva de alto custo (uva de mesa, sem semente) e trabalhamos o mercado interno. Como estamos agora na safra para a exportação, a tendência é de que os produtores privilegiem o mercado internacional”, comentou.

O cenário relatado por Lustoza em muito difere do que aconteceu no ano passado, quando as exportações registraram queda de 34% em relação a 2013. Em 2014, a safra havia atingido 43 mil toneladas. “A época era boa e os produtores perceberam que o mercado local estava mais atrativo, além do mais, não se corria o risco de perda de parte da produção com transporte. Este ano, com tudo mais diferente aqui no Brasil, é bem possível que recuperemos as cifras de 2013 investindo lá forma”, comemorou. Ano passado, 28 mil toneladas de uva foram exportadas. O Vale do São Francisco conta, aproximadamente, com três mil produtores, sendo 19 habilitados para exportar.

Saída de países anima fruticultores

Agronogueira venderá 2,5 mi de manga para o Exterior

A saída temporária de países exportadores, como Estados Unidos e México, do mercado internacional de frutas anima os produtores do Vale do São Francisco. Neste semestre, a América do Norte e a Europa estão com baixo volume de produção. O gerente de exportação e importação da Finobrasa, Max de Aquino, disse que o mercado demanda por frutas e que essa é uma boa hora para Brasil investir. Já visualizando esse cenário, ele espera uma safra recorde de 11,1 mil toneladas, em manga e uva, neste ano. No ano passado, devido às questões climáticas, a safra foi menor e registrou queda de 11%.

A expectativa, portanto, é de que nos próximos anos a empresa recupere as 15 mil toneladas registradas em 2012. Segundo Aquino, apesar da crise hídrica que assola o País, é possível recuperar os resultados. “O clima quente e de pouca chuva contribuem para o incremento do volume e para a qualidade dos frutos, sobretudo quando temos o diferencial de despontarmos na frente de países concorrentes”, avaliou.

Já o dono da Agronogueira, Fernando Nogueira, acredita que, além da quebra de safra dos concorrentes, o gatilho para garantir boa comercialização se deve à elevação do câmbio. “Porque gera incremento no faturamento”, ressaltou. De acordo com ele, o aumento no faturamento será de 43% este ano. Por conta desse incentivo, a previsão da safra da empresa, no segundo semestre, será de 2,5 milhões, com venda de manga para os Estados Unidos, Europa e Canadá.

Fonte: FolhaPE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *