Exposição resgata o dramaturgo Luiz Marinho enquanto sujeito racializado e de ancestralidade indígena

Mostra “Luiz Marinho, um resgate do autor que veio da mata” fica em cartaz no Teatro Hermilo Borba Filho, no Recife, até 31 de julho

A Semana Hermilo, programação realizada do Teatro Hermilo Borba Filho entre 6 a 12 de julho para celebrar este pioneiro do teatro nordestino, também marcou a inauguração da exposição de longa duração “Luiz Marinho, um resgate do autor que veio da mata“, uma homenagem a outro importante dramaturgo pernambucano.

Com cartazes, fotografias, comendas, textos e materiais de cunho pessoal e das obras, a mostra busca também lançar luz no sujeito Luiz Marinho Falcão Filho (1926-2002) enquanto autor racializado e de ancestralidade indígena. O artista era natural da Zona da Mata Norte e foi o primeiro juremeiro a adentrar a Academia Pernambucana de Letras.

Inaugurada no dia 6 de julho, a exposição fica aberta até 31 de julho, no Teatro Hermilo Borba Filho (Cais do Apolo, 142, Bairro do Recife). A visitação ocorre das terça-feira aos domingos, das 10h às 17h, com entrada franca.

Racialidade e território

“Quando se escrever sobre Marinho, existe um enfoque muito grande nas obras e menos no sujeito. Assim, criou-se uma lacuna muito grande para a gente entender que sujeito é esse que escreve. A racialidade e o território possuem uma grande importância para a gente entender quem é que está escrevendo”, diz Henrique Falcão, curador da exposição. A direção artística é de Lucas Falcão.

“Alguns pesquisadores chegaram a questionar se o posicionamento de Marinho enquanto juremeiro era uma espécie de performance poética, como uma parte da pesquisa dele, quando ele era de fato juremeiro e isso causava um estranhamento já que, na época, a jurema era vista de forma folclórica. Porém, ele a vivenciava como uma religião tradicional.”

Ricardo Nunes, responsável pela comunicação do projeto, ressalta que Luiz Marinho é um exemplo da pujança cultural da Zona da Mata Norte de Pernambuco. “O pai dele foi Rei Momo por mais de 20 anos, então ele bebeu de todas as manifestações brincantes que existiam. Porém, acho que ele foi invisibilizado enquanto autor da Mata Norte.”

Legado

Detentor de uma série de prêmios, alcançando até o Molière, o ‘Oscar do teatro’, Luiz Marinho escreveu 14 obras e foi responsável pela peça com mais tempo em cartaz na história de Pernambuco, “Um Sábado em 30”.

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