Faca no pescoço

Opinião

Na passagem de Lula por Pernambuco, há dez dias, a direção estadual do PT teve uma conversa reservada com ele para tratar das eleições no Recife. Mas nada vazou, nem o presidente se manifestou. Ontem, os aliados do prefeito do Recife, João Campos (PSB), ficaram com uma pulga atrás das orelhas com a cobrança que a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fez ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).

Afirmou, categoricamente, que a sigla só apoiará a reeleição do prefeito carioca Paes se o candidato a vice-prefeito for do PT. “Na minha avaliação, para Paes ter o apoio do PT no Rio na eleição municipal, o partido precisa indicar o vice”, disse líder petista em entrevista ao jornal O Globo. De acordo com Gleisi, a legenda cogita indicar para vice de Paes a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial).

Franco deve se filiar à sigla em fevereiro. Se não for escolhida, o PT pode indicar o secretário de Assuntos Federativos do governo Lula, André Ceciliano. Em 15 de janeiro, em entrevista à CNN, o vice-presidente do partido, deputado federal Washington Quaquá (RJ), declarou que o PT poderia abrir mão da indicação.

“A prioridade do PT é a reeleição do Lula em 2026. O Eduardo Paes deve deixar a Prefeitura para disputar o governo, portanto vai escolher alguém da sua confiança. Nossa relação com ele não admite faca no pescoço”, afirmou o deputado. Gleisi, porém, disse que a opinião de Quaquá não é consenso e que a decisão deve ser tomada com Paes.

Também destacou que a eleição no Rio é prioritária para a construção de bases para o próximo pleito nacional, em 2026. Se o posicionamento de Gleisi se repetir em outras capitais, o que se diz em Brasília é que o próximo alvo de Gleisi será o Recife. E ela já tem um nome na ponta da língua para se submeter ao prefeito: Mozart Sales, assessor do ministro Alexandre Padilha.

Como João reagirá a essa chamada faca no pescoço?

Critério será o da confiança – No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) tem três semelhanças com João Campos: vai à reeleição, está bem avaliado e com a cabeça mergulhada em 2026, ou seja, caso seja reeleito tende a disputar o Governo do Estado, da mesma forma que o gestor recifense. Neste caso, tende a escolher um vice da sua absoluta confiança e não um nome imposto pelo PT.

Por: Magno Martins

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