Opinião
Mesmo em baixa, com índices de desaprovação preocupantes, a governadora Raquel Lyra (PSDB) tem amplas chances de se recuperar e ser reeleita, porque está com muito dinheiro em caixa. Este é o principal argumento, que virou um mantra recorrente entre os que tentam desestimular a pré-candidatura de João Campos (PSB) a governador nas eleições de 2026.
Mas se, verdadeiramente, a tucana nada em dinheiro, por que não repassou em dia o subsídio das empresas de ônibus responsáveis pelo transporte coletivo na Região Metropolitana, gatilho da greve de motoristas do sistema, que deixou 1,1 milhão de trabalhadores sem condições de bater o ponto nas suas empresas? Se há tanta grana porque, igualmente, a governadora está há seis meses sem pagar aos hospitais conveniados ao Sassepe?
Alguma coisa está errada, o que só coloca em xeque o poder de gestão da governadora. E gestão é o que não existe neste governo. Uma prova disso é que a Secretaria de Educação está vaga há 14 dias, depois da demissão do secretário Alexandre Schneider por motivos até hoje não esclarecidos. Isso, em plena fase de matrícula na rede estadual de ensino, algo que nunca aconteceu em nenhum governo.
Há quem diga que a dinheirama seja carimbada, ou seja, só para usar em áreas específicas, projetos ou obras direcionadas. É possível e compreensível, mas nenhum governo deixou de repassar em dia o subsídio do transporte público. Também é inadmissível que o sistema Sassepe, responsável pelo plano de saúde dos servidores estaduais, fique praticamente inoperante porque a governadora não paga os hospitais conveniados desde julho do ano passado.
A greve dos motoristas de ônibus, ontem, deixou Raquel em maus lençóis, tudo que não contava para o início do seu terceiro ano de gestão. Trata-se do ano que antecede as eleições de 2026, o último que tem para mostrar resultados. O tempo é muito curto e com atropelos desta natureza o cenário da reeleição da tucana tende a ficar cada vez mais sombrio.
SÓ DUROU 12 HORAS – Diante do clamor público pela greve surpresa dos motoristas de ônibus, o Governo fez o repasse do subsídio, logo cedo, para as empresas do sistema que opera o transporte coletivo na Região Metropolitana. Por volta das 11h30, o Sindicato dos Rodoviários informou que todas as empresas pagaram os salários e a paralisação foi encerrada. Com isso, os coletivos voltaram a circular de imediato, segundo o sindicato da categoria. O protesto durou apenas 12 horas, mas poderia muito bem ter sido evitado.
Do Blog do Magno Martins