Uma palavra bem brasileira invadiu a pequena Samorín, na Eslováquia: Fluminense. É no clube que leva o mesmo nome da cidade que o Tricolor toca um projeto ambicioso: ter uma filial europeia. Uma empreitada cercada de expectativa e desafios.
Desde julho, o Samorín disputa a segunda divisão eslovaca com escudo e jogadores do Fluminense. A camisa principal é azul e branca. Já a de número 2, tricolor — não aproveitada nas Laranjeiras após a troca de fornecedor.
O começo tem sido animador: o Samorín é o segundo de seu grupo. O plano é levar a equipe para a elite nacional e, em até quatro anos, para a Liga Europa. Para os jogadores, serve como uma última etapa antes de atuar pelo profissional das Laranjeiras.
— Um dos objetivos é levar os meninos do Brasil para trabalhar o lado humano. E também aprender com o futebol europeu — explicou o gerente da base tricolor, Marcelo Teixeira.
Xerém é outra palavra que faz sucesso por lá. Os nove representantes da base tricolor (oito brasileiros e um argentino) vêm se adaptando bem ao clube e aos companheiros.
— A gente passa tarefas, como ir ao supermercado com os europeus. Treino em duplas, nunca só entre brasileiros — conta o diretor esportivo Marco Manso: — Fazemos uma pré-lista dos costumes culturais, do clima… Antes de desembarcar, todos já têm essas orientações. Assim, se adaptam o mais rápido possível e não ficam ligados nos horários e nos costumes do Brasil.
Brasileiros viram celebridades
As promessas tricolores vêm fazendo bonito na Eslováquia. São de Xerém o artilheiro (Peu, com sete gols) e o camisa 10 (Luquinha). Na cidade, já são até tratados como celebridades.
— Achei o clima bem diferente, é frio. Às vezes é difícil fazer o aquecimento. Mas chegamos há três meses e já estamos nos adaptando. A cidade nos acolheu bem. O pessoal nos para na rua, sabe o nosso nome, pede autógrafo e foto — conta Luquinha, que sofre com o idioma eslovaco: — Não são todos que falam inglês. Temos que nos virar. Aprendi “oi”, “tudo bem?”, coisas simples.
Dentro do clube, a língua é o inglês. E os jogadores recebem aulas três vezes por semana. Os treinos são no moderno X-bionic Sphere, complexo erguido por um milionário local. Pelo acordo, o Fluminense tem até dezembro para comprar 77% do Samorín. O valor é de 250 mil euros (cerca de R$ 885 mil). A parceria depende disso.