Parentes da detenta Bárbara Oliveira de Souza, de 35 anos, que deu à luz na solitária da Penitenciária Talavera Bruce, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, no último dia 11, afirmam que só souberam do nascimento da criança no início desta semana, no dia 26. Ou seja, 15 dias depois do ocorrido. Mesmo assim, de acordo com o primo da presa, o músico Alace Machado, de 28 anos, a família só soube porque representantes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) – órgão do governo estadual – descobriram o parto e entraram em contato.
O músico ainda revelou que não vê a prima desde abril deste ano. Neste período, segundo ele, Bárbara desapareceu e ninguém sabia onde ela estava. Cerca de três meses depois, após buscas em hospitais, delegacias e no Instituto Médico-Legal (IML), que os parentes souberam da prisão de Bárbara.
O primo da presa irá ainda nesta quarta-feira ao Complexo de Gericinó para tentar encontrar com Bárbara. Alace disse que conseguiu uma autorização especial e deve ter o primeiro contato com a detenta depois de sete meses. Além disso, a tia de Bárbara, Marcia Cristine, foi nesta manhã até um abrigo municipal em Pedra de Guaratiba, também na Zona Oeste, para onde o filho da detenta foi levado. Ela quer ficar com a guarda da criança.
Este seria o terceiro filho de Bárbara que sua família pega para criar. Alace já cuida de uma menina de 4 anos e Marcia, de um menino de 9.
– Quero saber tudo o que aconteceu dentro desse presídio para minha prima estar agressiva do jeito que estão falando. Até onde sabemos, ela não era usuária de drogas. A Bárbara sofre de esquizofrenia. Essa agressão deve ser porque não deram os remédios necessários para tratar a doença dela – disse Alace.
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro emitiu nota na manhã desta quarta-feira informando que está acompanhando o caso com atenção. O órgão classificou o episódio como “gravíssima violação de direitos humanos, tanto da mulher quanto da criança”. A Defensoria lembrou ainda que moveu uma ação civil pública para garantir assistência médica especializada e em tempo integral integral às detentas, mas que a Justiça julgou improcente o pedido.
Tráfico de drogas
Bárbara está presa preventivamente, num processo da 25ª Vara Criminal da Capital no qual responde por tráfico de drogas. Ela foi autuada em flagrante, no dia 29 de abril deste ano, após ter sido flagrada por policiais militares no Jacaré, na Zona Norte do Rio. De acordo com o relato dos PMs, ela estava fumando crack sentada numa calçada, e que dentro de sua bolsa havia 97 papelotes de crack, além de R$ 300.
A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça informou nesta terça-feira que a 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital fará um estudo social e psicológico da família de Bárbara. Após o nascimento, o bebê foi encaminhado, por decisão judicial, a um abrigo municipal em Pedra de Guaratiba, após relatórios atestando que a mãe tem “comprometimento psicológico e comportamento agressivo”, de acordo com informações da assessoria de imprensa do TJ.
Ainda segundo a assessoria, o documento, elaborado pelo Departamento de Serviço Social do Hospital Estadual Albert Schweitzer e outro pela Unidade Materno Infantil da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), informou que foi tentado contato com a família da presa, mas não houve sucesso. Bárbara, segundo a Seap, está agora no Hospital Psiquiátrico Roberto Medeiros, no Complexo de Gericinó, para tratamento.
Na última segunda-feira, o juiz titular da Vara de Eexecuções Penais (VEP), Eduardo Oberg, afastou do cargo a diretora da Talavera Bruce, Andréia Oliveira da Silva, e a subdiretora, Ana Paula da Silva Carvalho, até que o caso seja apurado.
Fonte: Extra