Ferrovia de 156 anos, da época do Império, vira palco para dança e vídeo em Salvador

Criada em 1860, a Ferrovia de Salvador, já desgastada e desconhecida da maior parte da população da capital baiana, vai virar palco para performances de dança e vídeo a partir da última semana de julho. Trata-se do projeto ‘Trilhos & Estações – uma viagem dançada da Calçada a Paripe’ que tem apoio da Fundação Gregório de Mattos através do edital ‘Arte em Toda Parte – Ano III’.

 ferrovia salvador

“Foi a primeira ferrovia a ser construída na Bahia e a quinta do Brasil”, conta a diretora executiva do projeto, Ana Luiza Campos. A linha tinha como meta ir de Salvador até Juazeiro, às margens do Rio São Francisco, mas só foi construída até Alagoinhas. “Hoje existem somente dois trens que se alternam em intervalos de 40 minutos”, diz Ana. Criada pela Bahia and San Francisco Railway Company 156 anos atrás, a ferrovia ia até Alagoinhas e tinha 123 km, saindo da Estação da Calçada, na Península Itapagipana, Cidade Baixa.

10 MIL PESSOASAtualmente, o trajeto Calçada/Paripe funciona para o transporte de passageiros, possuindo 13,2 quilômetros. “O restante do trajeto funciona como transporte de cargas”, completa Ana Luiza. Cerca de 10 mil pessoas utilizam o serviço na região diariamente. O espetáculo acontecerá para esse público e quem mais quiser aparecer.

Formado por 22 bairros, esse extenso percurso geográfico possui 10% da população de Salvador e é conhecido historicamente pela rica cultura, prática de pesca e pelas águas calmas da Baía de Todos os Santos. Hoje, a população do grande subúrbio ferroviário é formada por grupos sociais mais populares. “Depois de passar por transformações e mudanças ao longo de um século e meio de existência, a linha do subúrbio de Salvador funciona como alternativa viável de transporte de baixo custo”, completa Ana Luiza.

DUAS SEMANAS Todo esse complexo de trilhos, estações, ambiência e pessoas foram fonte de inspiração para a concepção do projeto. Oito dançarinos se revezarão, em turma de quatro a cada dia alternado, com performances na Estação da Calçada e nos trens. As apresentações acontecem entre 27 e 29 de julho, e 2 e 5 de agosto (2016) em horários a serem divulgados. A entrada é apenas R$ 0,50, valor da viagem da Calçada a Paripe. Além disso, um telão fixo com videodança estará na estação.

O projeto reúne cerca de 40 profissionais das áreas de dança, vídeo, música, figurino, fotografia, produção, design, computação gráfica e comunicação, dentre outras. A direção artística e coreografias foi de Lilian Graça. A direção geral e produção de Ana Luiza Campos, da ‘Olho de Peixe Produções’. A proposta foi um diálogo entre dança, corpo, arquitetura e movimento, mas sensível à realidade das estações e linhas de trem. “Este é um local que reúne grande beleza e dignidade, e que acima de tudo merece reconhecimento”, afirma Lilian. Elas optaram pela poesia, pela estética, para acentuar ou despertar a percepção do espectador. Cada um com a sua viagem, com a sua sensação e com a sua interpretação. É o caminho da Arte!

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