Filme sobre mineradores chilenos, com Santoro e Banderas, chega aos cinemas

Falado em inglês, mas com identidade latino-americana, Os 33 retrata o drama de trabalhadores que ficaram presos em uma mina durante mais de dois meses

Júlio Cavani

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O sentimento de fé é bastante explorado no filme. Antonio Banderas interpreta Mario Sepúlveda

Um detalhe fundamental que diferencia Os 33 de outros filmes-catástrofe é o sangue latino. As lágrimas, a fé, a musicalidade, o companheirismo, o humor, a esperança sonhadora, a expressividade e o jeito de ser do povo latino-americano fazem diferença na reconstituição do drama real dos operários que ficaram soterrados em uma mina no Chile em 2010. Dirigido pela mexicana Patricia Riggen, o longa-metragem é uma supercoprodução internacional da Fox com Antonio Banderas, Rodrigo Santoro, Lou Diamond Phillips (excelente), Juliette Binoche e Gabriel Byrne no elenco. No lugar de dar ênfase à claustrofobia, a cineasta segue o caminho do humanismo e consegue mostrar como uma situação tão difícil pode proporcionar momentos de plena beleza.

Os 33 respeita os fatos reais e explica didaticamente como tudo aconteceu (a profundidade das minas é impressionante), mas não chega a ser 100% realista. Especificamente em uma cena, que ilustra os delírios provocados pela fome, o filme incorpora o imaginário fantástico da cultura sul-americana, assim como o melodrama também pode ser entendido como uma afirmação cultural.

O filme divide-se em duas fases distintas. A primeira é mais sombria e retrata os 17 dias que eles passaram sem nenhum contato com o mundo exterior, quando ninguém sabia se havia sobreviventes na mina, onde havia comida teoricamente suficiente para menos de uma semana. A segunda parte, mais leve (pois eles passaram a receber alimentos, roupas, iPods e outros aparelhos tecnológicos), acompanha o resgate que durou mais de dois meses. Rodrigo Santoro interpreta o chileno Laurence Golborne, ministro da Mineração que comandou a operação de salvamento.

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Rodrigo Santoro vive o ministro chileno que comandou o resgate

Por causa do alto custo (25 milhões de dólares), a Fox não quis arriscar perder público no mercado norte-americano e decidiu que o filme seria totalmente falado em inglês (algo normal em produções de Hollywood ambientadas nos mais diversos países e épocas). A decisão tem um lado ridículo, pois todos os atores falam com forte sotaque latino. Ao mesmo tempo, o uso da língua involuntariamente acrescenta mais um fator cultural: a subserviência da América Latina em relação aos Estados Unidos.

Fonte: DP

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