Fim do Carnaval

Por Carlos Henrique Abrão e Laércio Laurelli

As fraudes política e econômica e o verdadeiro carnaval das finanças publicas parecem que chegaram ao seu fim, e o mesmo se diga do carnaval de rua, com as finanças públicas das prefeituras esvaziadas e esvaídas. Não se pode mais brincar de BBB num momento tão sério da vida pública brasileira, gastança e recursos destinados aos desfiles das escolas de samba, e mais dias parados com 13 milhões de desempregados.

Caiamos na real e fujamos do carnaval. Precisamos encontrar caminhos para acelerar o fomento às empresas e linhas de crédito acessível. Em poucos dias de governo, o presidente americano somente tem carimbado seu passaporte com enorme xenofobia ao capital de fora, com incentivo interno e recuo de empresas para que fossem abertas em países vizinhos.

Da mesma forma temos que fazer e de forma urgente sem uma limitação apegada ao Mercosul e os espaços territoriais geográficos desimportantes. O governo fingia que crescia em troca de bolsas sociais e apresentava empresários versados em grandes obras e megaeventos que mostraram suas caras e a mídia de um modo geral acreditou e divulgou a propaganda enganosa.

Passado o momento de falsa jactância vem a descoberta da farsa e do maior golpe aplicado contra a sociedade brasileira. Uma dívida impagável de 3 trilhoes e alguns bilhões e metade das empresas sem capital de giro ou com dívidas a serem pagas. Megalomania de copa do mundo e olímpiadas levando ao Estado de penúria do Rio de Janeiro um calote geral e o colapso das contas, na rabeira Minas Gerais e Rio Grande do Sul, do que adianta se cogitar de uma lei de responsabilidade fiscal se a União.

O Governo Federal é o primeiro a rasgar seu texto e violar a constituição. Nossas instituições não funcionam. As cortes de contas são lerdas e não alcançam suas metas e os tribunais eleitorais fazem vistas grossas aos
esquemas que permeiam as candidaturas de chapa branca, candidatos condenados e até algemados tomam posse, é o Brasil surrealista que tenta mostrar seu dinamismo mas ao mesmo tempo a pecaminosidade de leis violadas e de uma fétida estrutura política e econômica, na qual ambas se abraçam para praticar golpes e fraudar ao erário e ludribiar no mercado de capitais aos investidores e acionistas minoritários.

Como se explica que um dos mais afortunados empresários brasileiros do nada passe a ter bilhões e com isso ganhe a simpatia do governo e alardeie fatos não correspondentes à realidade para aumentar os ganhos próprios e de seu staff, e agora se vê as voltas com a justiça fluminense.

Jogadores, atletas e demais esportistas devendo fortunas para o governo em impostos e agora se criou a moda, o hábito o uso e costume deles próprios se dirigirem aos lugares de julgamento e apresentam defesas para comoção ou mutação da midia neófita.

Vivemos tempos conturbados de grandes desafios a perda de um Ministro do STF e de um auditor do TCU, tempos estranhos e bicudos, cujas investigações terão que chegar a um resultado e não simplesmente apontar probabilidades as quais não mais atendem às reclamações e reivindicações da sociedade contemporanea.

A vaga de um Ministro do STF não pode ser vontade da classe política ou de uma elite que se coloque em relevo em disputa o critério de mérito partindo-se para juizes de carreira, ao menos com 30 anos e currículo invejável com trabalhos, estudos, livros e escritos de monta publicados e reconhecidos.

Aos amigos do rei não é dada mais a oportunidade de ludibriar a opinião pública e escolher na calada da noite um representante para julgamento de importância magna de nossas autoridades políticas e governamentais. O carnaval definitivamente acabou nas finanças, nos gastos, na economia e sobretudo na alegria das ruas e bailes de salões.

Quem financiava hoje não tem um tostão e literalmente a quebradeira sucedeu pela malversação do dinheiro público. Se o carnaval de rua foi preciso acabar e com ele todos os demais tanto melhor, ao menos a população brasileira não será mais refém de quadrilhas que assaltam aos cofres públicos e ainda tem a coragem e não a vergonha de dizer que todos faziam o mesmo.

Combater a corrupção sistêmica e avançar para esferas de estruturas aceitáveis de um poder que se autofiscaliza e também se pune são essas as únicas opções para vivermos num ambiente sério de uma verdadeira sociedade revestida do lampejo da democracia. Que todos os carnavais sejam enterrados e que deles não guardemos uma só lembrança para o bem da Nação, do País e de todas as gerações preocupadas e ocupadas do amanhã.

Carlos Henrique Abrão (ativa) e Laércio Laurelli (aposentado) são Desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

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