Fla tem queda com rodízio e sem Diego e Guerrero, mas pensa em jogos decisivos

Elenco colocado à prova
Elenco colocado à prova Foto: Divulgação
Diogo Dantas

A estratégia do Flamengo de tornar o elenco homogêneo técnica e fisicamente até a disputa da fase final do Estadual, da Libertadores e do início do Campeonato Brasileiro cobra um preço. O desempenho se tornou inconstante conforme o técnico Zé Ricardo passou a fazer experimentos e observações, o que se agravou com a perda de seus dois atletas-chave: Diego e Guerrero, convocados. O risco, porém, é calculado.

Classificado para a semifinal do Estadual, o técnico Zé Ricardo aproveita as partidas para dar mais rodagem a jogadores ainda longe da condição ideal, o que interfere na performance. Ao contrário de Diego, que foi preparado por um bom tempo antes de entrar em campo, o volante Rômulo e o atacante Berrío chegaram esse ano para preencher carências no time titular e entraram logo para serem aproveitados na Libertadores.

Embora a estrutura do time tenha sido mantida, a rotatividade levou a queda de produção, corrigida apenas parcialmente com a saída de Rômulo para a entrada de Márcio Araújo e a dosagem de Berrío, que também fez um trabalho físico diferenciado. A isso se soma a utilização cada vez maior dos jovens até o próximo jogo da Libertadores, dia 12, contra o Atlético-PR. O Flamengo deu um passo atrás para dar dois na frente quando de fato precisar.

– É estratégia nossa como clube. Tivemos que colocar o Thiago no gol. Os jovens vem alternando. Até Léo Duarte (zagueiro) entrou. O Zé sempre fez prevalecer o jogador da posição. Talvez não pudemos experiementar mais atletas porque o regulamento do Estadual não permite. É um dilema deixar titulares de fora e pôr mais jovens. Mas ele vai rodar todo elenco que para quando tiver uma fase aguda de Libertadores e início de Brasileiro possamos ter a certeza de que temos como utilizar todos – explicou o diretor executivo Rodrigo Caetano.

A necessidade de qualificação do time em relação ao ano passado fez o técnico Zé Ricardo começar a temporada com uma formação quase igual a que ficou em terceiro lugar no Brasileiro. A única diferença foi a imediata entrada de Rômulo entre os titulares. O volante, no entanto, não conseguiu apresentar o mesmo desempenho físico dos demais, já que veio de temporada na Rússia sem jogar. A estrutura da equipe, mesmo assim, foi mantida. No ataque, Mancuello passou a exercer a função de ponta pela direita, com a possibilidade futura de perder a vaga para Conca ou até outro atleta já esperado para reforçar o elenco. Este foi Berrío. Outro que chegou sem a mesma pré-temporada dos demais e ainda é usado aos poucos. A pretendida qualificação do time ainda não chegou ao ponto ideal. E isso vem sobrecarregando e aumentando a importância individual de duas peças: Diego e Guerrero.

Como a zaga é protegida em demasia pelos volantes, Diego costuma vir buscar o jogo bem atrás. Seu excelente preparado físico dá conta. Desde que chegou, foi alçado aos poucos no time, sem pressa, durante o Brasileiro de 2016. A exuberância técnica, tácica e física, que o levaram posteriormente á seleção, compensavam até agora volantes sem tanta pegada e sem tanta aproximação, como Arão e Rômulo. Mas Diego ficou sobrecarregado. E Márcio Araújo veio socorrê-lo em jogos em que o Flamengo sofreria mais, como contra a Universidad Catolica no Chile.

No ataque, Guerrero melhorou a média de gols e manteve seu papel fundamental de manter o time na frente, ganhando terreno, quando faz o pivô. O problema é que apenas Everton faz companhia ao peruano e parece depender dele para brilhar mais. Do outro lado, Mancuello ainda se mostra perdido na nova posição. E Berrío, que chegou e deveria entrar vagarosamente, precisa se entrosar nos jogos para substituir o argentino. Nem Damião nem Vizeu demonstram o poder de segurar a bola do peruano. A ciranda rubro-negra contemplou até o retorno de Marcelo Cirino, que quase foi para o Internacional, contra o Vasco. Segundo Rodrigo Caetano, há uma pressão que todo o grupo sofre por um desempenho que dê esperança de títulos, mas o elenco é qualificado para tal.

– Eu escuto que precisa ganhar alguma coisa. Vamos ganhar. Mas o fato de sinalizar que o caminho a ser percorrido é esse tranquiliza o torcedor e o nosso ambiente. Em seis meses tivemos duas derrotas. Número expressivo para quem disputa Brasileiro, Libertadores. O elenco que foi se moldando, se montando, é altamente comprometido. A gente segue fazendo inúmeras viagens, apesar de menos do que ano passado. E os atletas querendo ganhar – garantiu.

No Flamengo, ouve-se que todo jogo é decisão e que tem que se ganhar sempre. Mas hoje, ganhar, e jogar bem, é consequência de um trabalho que pensa na temporada como um todo.

– O mantra é que esse grupo merece marcar época no Flamengo – resume Rodrigo Caetano.

A torcida está ansiosa por isso.

 

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