Uma aula de uma equipe madura, acostumada a conduzir seus jogos até a vitória, contra um time que mostra potencial e evolução, mas que recebeu uma prova de que ainda há um fosso a separá-lo dos principais candidatos ao Campeonato Brasileiro. O Flamengo foi melhor por 60 minutos, mas, a partir do momento em que sofreu um gol, foi impiedosamente atropelado pelo Corinthians, que venceu o clássico por indiscutíveis 4 a 0, neste domingo, em São Paulo.
– Perdemos a concentração após o primeiro gol. Erramos no segundo. O jogo foi um até o primeiro gol, e foi outro depois disso. A gente se desestabilizou. Vamos ver os erros e levantar a cabeça para o próximo jogo – disse o volante Willian Arão após a goleada.
O primeiro tempo do Flamengo, dominando a partida contra uma das principais equipes do campeonato, fora de casa, deu a impressão de que a melhora recente sob o comando de Zé Ricardo se tornou um padrão e foi de deixar a torcida esperançosa de que o time poderá se manter na briga da parte de cima da tabela.
Hoje, uma olhada na ficha do jogo autoriza dizer que o rubro-negro tem mais qualidade individual que o Corinthians – mas a organização e jogo coletivo sempre foi a principal qualidade deste time paulista, num trabalho que alçou Tite à seleção brasileira. Igualando-se taticamente e mesmo controlando o jogo na maior parte do primeiro tempo, o Flamengo só não foi para o intervalo vencendo por falta de precisão na finalização. Na chance mais clara, Ederson acertou a trave esquerda de Cássio e Marcelo Cirino e Alan Patrick desperdiçaram o rebote.
Com mais posse de bola, o time sofria pouco, mesmo como visitante, e a única boa oportunidade do Corinthians foi um chute de Marquinhos Gabriel bem defendido por Alex Muralha, agora definitivamente titular (enfim recuperado de lesão, Paulo Victor pela primeira vez ficou no banco de reservas).
O segundo tempo começou em ritmo parecido, mas antes que o Flamengo conseguisse criar alguma chance, sofreu o gol, novamente em jogada de escanteio, como havia ocorrido há uma semana, no Fla-Flu. Após um desvio no primeiro pau, a zaga não conseguiu afastar e Romero aproveitou a sobra para fazer o gol, aos 14. Os jogadores rubro-negros reclamaram, com razão, que a falta marcada no lance anterior, que acabou gerando o escanteio, não existiu.
O gol mudou a configuração do jogo e o Flamengo jamais conseguiu recuperar o domínio que exerceu até ali. O Corinthians, por sua vez, deu uma lição ao rival sobre como se deve jogar quando se está melhor em campo. Principalmente depois da entrada de Guilherme, o time foi sempre objetivo no ataque, e o Flamengo, na ânsia de buscar o empate, abandonou completamente a organização que mostrara até ali.
Pagou caro por isso. O segundo gol viria aos 32, quando Jorge errou infantilmente um passe na saída de bola e o Corinthians executou belo contra-ataque concluído com o gol de Guilherme. Zonzo em campo, o Flamengo sofreu o terceiro dois minutos depois, gol marcado por Rildo contra uma defesa entregue.
O apetite corintiano não estava saciado. Em novo contra-ataque, desta vez puxado por Rodriguinho, Romero fez seu segundo gol, fechando o placar em humilhantes 4 a 0.
No fim, destaque apenas para o bate-boca entre Guerrero e Pedro Henrique, que custou ao atacante rubro-negro o cartão amarelo que lhe tira do jogo contra o Atlético-MG, no próximo domingo, em Brasília.