Flávio Bolsonaro tinha cofre que acessava antes de pagar imóveis em dinheiro vivo
O cofre também era acessado por seu irmão Carlos Bolsonaro
Os registros de acesso ao cofre foram detalhados em um relatório do Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ, documento este obtido com exclusividade pela equipe de reportagem. Apesar de grande parte das datas de acesso ao cofre estar ocultada, documentos não tarjados possibilitaram a identificação de visitas de Flávio Bolsonaro ao cofre em momentos próximos às suas transações imobiliárias de 2012.
No dia 27 de novembro de 2012, Flávio Bolsonaro formalizou em cartório a aquisição de duas quitinetes em Copacabana, após ter acessado o cofre no dia anterior. As negociações incluíram pagamentos inicial e final através de cheques que totalizaram R$ 310 mil, complementados pelo montante em espécie no dia da finalização da venda.
A investigação, conduzida originalmente por promotores do MP-RJ, teve seu sigilo bancário quebrado em 2019, revelando que, no mesmo dia da compra, o vendedor dos imóveis realizou depósitos bancários incluindo os cheques e o dinheiro em espécie recebido. Posteriormente, Flávio Bolsonaro revendeu os imóveis obtendo um lucro superior a R$ 800 mil.
O senador Flávio Bolsonaro foi denunciado pelo MP-RJ junto com sua esposa Fernanda e Glenn Howard Dillard, acusados de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A investigação segue sob responsabilidade da Procuradoria-Geral de Justiça do Rio, mantida em sigilo após anulação das quebras de sigilo pelo STJ.